Belíssima trapista belga, encorpada, assertiva, o rótulo é enxuto: bege claro, contém apenas o título da breja, o nome da abadia (a saber: Notre-Dame de St. Remy na cidade de Rochefort - região da Valônia, no francófono sul do país), o número do produto (8) e o selo de autenticidade trappista... na verdade uma dica de que a cerveja é auto-explicativa para quem entende do assunto!
Na falta do copo ideal, vamos de cálice para admirar sua coloração acobreada escura com alta turbidez sob o manto espesso de uma espuma acastanhada. O aroma é complexo, tendendo para o adocicado, com presença de caramelo, maltes torrados e álcool (lembra rum de qualidade, na verdade!). O deleitoso sabor acompanha o aroma, tendendo para o dulçor amadeirado do melaço de cana com notas de frutas desidratadas, panificação e com final seco e licoroso, aquecido pelos 9,2% de álcool (...verdade seja dita, esses monges trapistas tinham o dom de esconder o etanol no meio da cerveja...). Será que esses mesmos monges, membros da ordem cisterciense, caracterizada pelo ascetismo e pelo rigor litúrgico do trabalho como valor fundamental para se chegar a Deus (à verdade e à virtude), tomam esse nectar dos deuses todos os dias?