A história da Hofbräuhaus München (HB) confunde-se com a própria história da Baviera. Fundada em 1589 pelo Duque Guilherme V, a cervejaria nasceu de uma necessidade prática: a corte bávara estava insatisfeita com a cerveja produzida em Munique e considerava muito caro importar barris de Einbeck. Assim, foi estabelecida uma "Cervejaria da Corte" (Hofbräuhaus) para abastecer exclusivamente a realeza e seus funcionários, iniciando uma linhagem de excelência que atravessaria séculos.
Foi sob o comando de Maximiliano I, filho de Guilherme V, que a cervejaria ganhou um novo fôlego ao garantir o monopólio da produção de cerveja de trigo (Weissbier) na região. Por mais de 200 anos, os lucros da Hofbräuhaus foram fundamentais para financiar as finanças do Estado bávaro, incluindo gastos militares durante a Guerra dos Trinta Anos. Essa importância econômica solidificou a marca como um pilar institucional da Alemanha, muito antes de se tornar o ícone turístico que conhecemos hoje.
Um marco transformador ocorreu em 1828, quando o Rei Luís I decretou que a cervejaria deveria ser aberta ao público, permitindo que os cidadãos comuns desfrutassem da bebida antes reservada à nobreza. Com o aumento da demanda, as instalações originais tornaram-se pequenas, levando à construção do icônico edifício na praça Platzl em 1897. É neste endereço que se localiza a taberna mais famosa do mundo, sobrevivendo a bombardeios na Segunda Guerra Mundial e tornando-se um símbolo da hospitalidade e cultura de Munique.
Atualmente, a Hofbräuhaus é uma das seis cervejarias oficiais da Oktoberfest e continua sendo uma propriedade estatal da Baviera. Seus rótulos são produzidos rigorosamente sob a Lei da Pureza de 1516, equilibrando tradição secular com um alcance global. Ao abrir uma garrafa desta marca, não se está apenas degustando uma cerveja, mas sim um fragmento vivo da história europeia que resistiu ao tempo e manteve sua essência real.
HELLES LAGER
*Rótulo também comercializado sob o nome "Hofbräu Original".
Dourada e brilhante, forma espuma branca abundante de média retenção.
Aroma suave de malte (com toques de cereais e nuances adocicadas) coroado por delicado floral de lúpulo.
O sabor segue essa mesma linha, trazendo notas de cereais e sutil dulçor maltado. Um amargor moderado, porém distinto, risca o final quase seco, ligeiramente floral. De corpo e carbonatação medianos, tem textura cremosa e "drinkability" elevada.
Lager simples, limpa e equilibrada em brilhante execução - porém pouco acessível a nós, brasileiros, como cerveja do dia-a-dia.