Âmbar semiturva de creme amarelo bem formado.
Aroma robusto de malte, herbal e cítrico.
No sabor, o malte caramelo pujante faz uma cama absurda prum amargor massivo herbal e resinoso.
Corpo um pouco pesado, cuja robustez esconde o teor alcoólico. Carbonatação suave e fim bem seco.
Por se tratar de um conceito-desafio, o resultado é excepcional: Imperial IPA intensa, mas razoavelmente equilibrada e fácil de tomar. É uma boa experiência.
A Mikkeller 1000 IBU é do estilo India Pale Ale, sub-estilo Imperial IPA (ou Double IPA, DIPA, I2PA) que caracteriza uma versão "turbinada" duma IPA normal, com doses maiores de lúpulo e álcool. Sua origem remonta ao lançamento da Rogue IPA nos idos de 1996, para satisfazer os americanos apaixonados por lúpulo. É ligeiramente mais escura que uma IPA devido ao uso de malte em maiores quantidades pela necessidade de equilibrar a expressiva carga de lúpulo (variedades americanas e inglesas, em regra). Desta combinação resulta um perfil eminentemente amargo, mais alcoólico e ainda assim refrescante. Os exemplares costumam passar pelo método dry-hopping, a coloração varia do âmbar ao acobreado, podem ser límpidas ou turvas, e tem bela formação/retenção de espuma; o aroma e o sabor se apresentam dominados pelo lúpulo, este variável de saliente a intenso, com notas cítricas e resinosas; as notas maltadas se apresentam discretas ou medianas e tem algum caráter tostado e caramelado; o corpo não é alto, a carbonatação é mediana, o final é seco e o retrogosto é lupulado e persistente e a graduação alcoólica pode variar entre ABV 7,5% e 10%. No geral é um estilo fácil de beber, sobretudo para os amantes do lúpulo.
É cria da Cervejaria Mikkeller, fundada em 2006 na cidade de Copenhagen/Dinamarca por Mikkel Borg Bjergsø, então professor do ensino médio de matemática e física, e pelo jornalista Kristian Klarup Kellercujo. A produção das cervejas Mikkeller, exportada para mais de 40 países, se dá de forma nômade, utilizando as instalações de outras cervejarias o que acaba por divulgá-las e avalizá-las, além de economizar o dinheiro que corresponderia à montagem de instalações próprias. Há ainda bares Mikkeller em Copenhagen, Estocolmo, San Francisco e Bangkok. O portfólio é vastíssimo, com cervejas especiais (brassagem única), sazonais, comemorativas e continuadas. Este é o quinto rótulo que degusto, mas tenho na adega algumas joias: Beer Geek Brunch, ‘X’ Imperial Stout, Black Hole, George, linha Forêt, Nelson Sauvin, Cù’t Cà Phê Bia e outros.
Vintage 2010 – validade 11/07/2015. A garrafa é de 375 ml, cor verde, tampa dourada e vem embrulhada em um papel (além de embelezar o produto protege o líquido da luz). O rótulo é bonito e criativo e assim como o embrulho externo se apresenta na cor verde com algumas faixas pretas na diagonal. Traz em letras grandes o nome da cervejaria e o nome do rótulo – ‘1000 IBU’. Merece destaque a figura dum sujeito mascarado carregando um saco com a inscrição‘hops’ – por certo um ladrão de lúpulos. No contra-rótulo, em dinamarquês, menção aos ingredientes (lúpulo, água, lúpulo, malte, lúpulo, fermento e lúpulo), à graduação alcoólica (ABV 9,6%) e à Escala IBU (1000).
Vertido na taça o líquido revelou uma coloração acobreada, talvez um alaranjado mais escuro, de turbidez mediana e com sedimentos no fundo da garrafa/em suspensão. A espuma se revelou de matiz bege, com razoável formação e boa cremosidade; a persistência do creme foi mediana e foram desenhadas algumas rendas pelas laterais da taça. Por fim, uma camada tampão restou perene sobre o líquido. Perlage (bolhas) perceptível.
O aroma desprende bem e com ótima intensidade, tendo revelado notas maltadas com reminiscências de caramelo, tostado e nozes, aliado a um potente aroma lupulado que remete à herbal (grama), resinoso e frutado cítrico de tangerina, grapefruit e maracujá. O álcool é saliente e volatiza bem.
No paladar o líquido se apresenta aveludado e referenda a potência amarga sinalizada no olfato. Apenas o início tem algum dulçor, com notas maltadas de tostado, caramelo e nozes, mas que rapidamente jaz soterrado por uma carga possante de lúpulo com sensação de grama, resina, maracujá, grapefruit e tangerina. O final se apresenta amargo, seco e um pouco adstringente e o retrogosto é amargor puro! O Corpo é médio-alto e a carbonatação é média. O álcool de ABV 9,6% é potente, mas não agride e proporciona agradável aquecimento. A palatabilidade é ótima – breja fácil de beber, sobretudo para os que flertam com cervejas hiper lupuladas.
O conjunto se mostrou encorpado e um tanto bruto no amargor, mas não agressivo ou desequilibrado. Certamente entrou no rol das melhores Imperial IPA que já bebi. Fico imaginando o quão melhor seria se a tivesse sorvido fresca, sem impor-lhe esse período de guarda.
Cobre, levemente turva, aroma lúpulo, resinoso, terroso.
Na boca é equilibrada, o amargor não aparece tão intenso inicialmente mas dá suas caras com toda força no retrogosto.