E hoje tomei o primeiro mingau de cerveja da minha vida... Duvida? Então leia e comprove.
Espuma marrom clara com algum brilho, boa formação e duração, linda aderência flocada na taça. O líquido é negro, de um escuro bem denso, cortado vivamente pela alta carbonatação.
O intenso aroma entregou, inicialmente, mais chocolate amargo belga do que café, malte torrado, baunilha, suave frescor lupulado, mentolado, além de um cereal suculento.
Na boca, o início insinua acidez e adstringência, porém não passa disso. O sabor reflete o aroma, mas agora o café sobressai em relação ao chocolate. E, de novo, o cereal suculento está lá... ainda sem a certeza para afirmar qual é, por óbvio que pareça. Final um pouco seco e salino, tanto mais conforme a bebida esquenta. E mesmo que sua temperatura vá aumentando, o álcool jamais sobressai, perfeitamente inserido que está. Amargor impecável; intenso na presença, suave na sensação.
Em alguns momentos lembra uma torta de chocolate, daquelas feitas com puro cacau, quando a porção já está se liquefazendo na boca.
Bastante encorpada, com oleosidade inicial que imediatamente dá espaço a uma fluidez aveludada. Drincabilidade convidativa, ainda que não necessariamente alta.
Retrogosto: se houvesse um item específico para essa parte, levaria nota 10. Não me lembro de ter experimentado antes uma stout que deixasse naturalmente, tanto tempo após as impressões iniciais do retrogosto, a sensação de "boca limpa", com acidez zero, leve como se tivesse tomado água para limpá-la, mas com uma deliciosa e persistente sombra de café e chocolate.
Por fim, o mingau dos deuses: empolgado com a degustação, ao ver um pote de farelo de aveia por perto, pus duas colheres num copo vazio e acresci um pouco da Breakfast Stout, apenas o suficiente para dar uma consistência cremosa à mistura. Ao provar o "mingau"... não é que aquele tal "cereal suculento" percebido no aroma e na bebida era aveia mesmo? Apenas estava, é claro, em concentração muito menor do que na exótica sobremesa que improvisei.
O que mais dizer? Cerveja para lamber os beiços, literalmente!
Magistral cerveja que apresenta um conjunto maravilhosamente bem urdido -- desde o rótulo ao longo final. Por falar em rótulo, a sacada de gênio estampa uma criança deliciando-se com seu mingau, uma divertida alusão à aveia contida na receita.
O conjunto aromático recende aos maltes escuros lembrando café e chocolate, mas também notas de maltes nobres remetendo à madeira. Na boca, é sedosa, muito encorpada, com álcool sobressaindo esquentando cada gole. O café aparece com mais intensidade, lembrando expresso.
Espuma bege, cremosa, persistente.
Líquido opaco, negro.
Café bem aparente no aroma e paladar, completados por chocolate amargo.
O aroma é persistente até o último gole.
Média carbonatação. Deliciosa. Equilibrada. Retrogosto amargo e de malte torrado na medida certa, suave e achocolatado. Amargor médio (60 IBUs).
Só li elogios a essa breja por degustadores experientes. Muitos comentaram sobre o fato da receita receber aveia (Oatmeal) na preparação, o que a deixa mais sedosa. Realmente! Essa breja é ótima e desce que é uma beleza, por ser encorpada, maltada e bem alcoólica (8,3%). Ótimo drinkability! Pra mim, superou as chocolate stout da Rogue, até então minhas preferidas.
Ainda sobre a adição de aveia, ela torna a breja mais nutritiva e ‘medicinal’. E essa ideia foi explorada no nome e rótulo da breja. ‘Breakfast’ e uma criança tomando ‘mingau’ na tigela. Falando do rótulo, li na web que a Founders teve problemas com ele na Suécia, devido à associação de consumo por crianças. Mas não deixa de ser também um atrativo nessa cerveja!