Teo Musso cria uma linha de "Barley Wine", com inoculação de oxigênio, causando obviamente oxidação, e aromas complexos lembrando Xerez. Incentivado pela imensa paixão na voz de Teo, falando de suas criações, resolvi provar toda a linha Xyauyú que chega ao Brasil e felizmente é vendida em doses. Xyauyú na verdade não passa de mais uma excentricidade de Teo Musso, que seria o nome de seu neto imaginário. Pouca loucura para uma cervejaria só?
O rótulo prateado traz, na minha opinião, o mais próximo do objetivo inicial de Teo, com aromas claríssimos advindos de oxidação, lembrando de fato Xerez ou Vinho do Porto.
Servida numa pequena tacinha de 50 ml, esta Baladin, mostra a presença nula de qualquer traço de carbonatação, pelo menos visualmente. Uma coloração de líquido castanho, me parecendo com pouca translucidez e obviamente nenhuma formação de espuma.
No aroma, mostra-se complexa e marcante, com um sólido caramelado e um frutado de ameixa aparecendo em primeiro plano. O álcool e a doçura confundem um pouco, hora trazendo aromas de vinho do porto, outras de cachaça. Com intensos aromas de mel, melaço de cana, chocolate. A longa maturação ainda trouxe um delicioso frutado de uvas-passas e cerejas, com um fundo amadeirado. Toques levemente salgados de castanhas e molho de tomate aparece em segundo plano, bem sutis e quase ofuscados pelo caráter licoroso da cerveja.
Na boca a doçura continua imperando, novamente lembrando vividamente um vinho do porto, com as nuances de mel se destacando mais. Em harmonia a esta doçura, tons de frutas vermelhas, principalmente cereja e uvas maduras, que reforçam ainda mais este perfil vinificado. Tem um acidez leve, muito bem colocada, que quebra um pouco da doçura, dando mais equilíbrio e até um pouco mais de drinkabillity. Drinkabillity na verdade é uma palavra que não combina muito bem com esta cerveja, já que me senti bem satisfeito com a dose de 50ml, o que me faz pensar as Xyauyú são ótimas cervejas para substituir os mais tradicionais digestivos. A carbonatação se confirma nula, e a textura bem grossa e licorosa, necessária até, para segurar os potente 14,5% de álcool que naturalmente são perceptíveis, mas não de maneira agressíva, ao meu ver.
Minha primeia experiência com a linha Xyauyú surpreendeu positivamente. A Argento é provavelmente a mais equilibrada de todas, traz os aromas advindos da oxidação em grande harmonia e mesmo tendendo com muita força para o adocicado, não chega a desagradar, mesmo que isso reduza o drinkabillity potencialmente.