Essa Biere à la Verveine Velay é elaborada com as mesmas ervas usadas para fabricar o Chartreuse, um licor francês muito famoso, elaborado por monges cartuxos e cuja receita não é divulgada, tratando-se portanto de um segredo.
Para começar, essa cerveja exibe uma coloração verde/esmeralda, cor de suco de clorofila. Transparece um pouco de efervescência, com baixa turbidez e sem sedimentos. Formou uma camada média de espuma branca, macia e cremosa, que assentou rapidamente restando fina película sobre o líquido. Praticamente não deixou lacing ao redor.
Quanto ao aroma, existe sim um fundinho de malte/lúpulo mas o que se sobressai mesmo é uma fortíssima sensação medicinal, de ervas, como por exemplo erva-cidreira, camomila, mate, anis e, principalmente, bala de menta/hortelã. Tudo isso sobrepõe malte e lúpulo, que aparecem de forma meramente discreta, com leve sensação de pão e de floral. O buquê é adocicado, muitíssimo exótico e um tanto quanto enjoativo. Não parece cerveja, lembrando vagamente absinto, mas obviamente sem todo aquele teor de álcool.
Na boca, as sensações herbais, adocicadas e de bala de hortelã se mantêm, ainda encobrindo os componentes básicos da cerveja. Há um leve amargor que remete a quinino. Lúpulo e malte mal podem ser sentidos, aparecendo de maneira secundária ao final do gole. O retrogosto salva um pouco o conjunto, trazendo pitadas de leve malte, pão branco, lúpulo floral e menta/anis. Por incrível que pareça, o corpo e a textura são muito bons. A cerveja é leve e um pouco sedosa. A carbonatação é mediana e com crocância bastante macia. O álcool fica completamente discreto, bem inserido. A drinkability é muito limitada pois todo esse caráter de ervas/hortelã não casa bem com o esperado para uma cerveja e torna o gole pesado, difícil e muito enjoativo.
Sou muito a favor de experimentações, mas essa foi uma das cervejas mais bizarras que já provei. E sinceramente, o resultado final não me agradou. Curiosamente, a base de malte e lúpulo me pareceu gostosa, de qualidade, ainda que estivesse encoberta por toda essa carga herbal. O que se destacou foi o lúpulo floral, com sutil picância. No entanto, isso não foi suficiente para salvar essa criação da Brasserie Bourganel. Infelizmente vale somente pela curiosidade e nada mais...