A primeira vez a gente nunca esquece. Não há nada tão maravilhoso como a primeira vez em algum tipo de boa experiência. Foi assim com a minha primeira Real Ale, uma forma de serviço defendida pelo maior movimento cervejeiro do mundo, o CAMRA. Trata-se da cerveja (geralmente alguma da família das Pale Ale) servida na temperatura ambiente e sem qualquer tipo de carbonatação forçada. A primeira que tive a chance de provar não foi uma clássica inglesa, e sim um clássico americano, que já teve até algumas amostras aqui no Brasil e deixou alguns fãs órfãos: a Flying Dog. Trata-se de uma de uma Imperial IPA com a utilização de apenas um lúpulo, o americano Centennial.
A apresentação já é diferenciada e graças a falta de gás carbônico, quase não formou creme, fez bolhas grandes e não durou quase nada. O líquido tem coloração âmbar, quase chegando ao marrom.
Quem predomina no aroma, obviamente é o lúpulo, trazendo um potente herbáceo e condimentado, em primeiros momentos, parece que um saco de lúpulos foi aberto na minha frente. Há aromas um pouco mais adocicados e condimentados que lembram erva-doce e anis, mas também bastante cítrico de grapefruit, abacaxi e maracujá. Em segundo plano os maltes trazendo caramelo e xarope, e as leveduras trazendo cravo e pera.
Aquele conflito colossal entre malte e lúpulo, típico de algumas cervejarias americanas está presente. Uma marcante doçura e um potente amargor acabam equilibrando um ao outro. O que tem maior destaque na minha opinião, são as notas condimentadas e herbáceas vindas dos lúpulos e um picante que ainda é ressaltado pelo álcool. Possui um corpo denso e obviamente uma carbonatação flat.
Realmente surpreende pela intensidade que traz, principalmente de amargor e dos aromas de lúpulo, mas trazendo até uma relativa limpeza no paladar. Creio que por ser tirado do cask, facilitou a volatização dos aromas e intensificou algumas sensações na boca.
