Uma India Pale Ale extrema feita com maestria. Isso define muito bem o que é esta cerveja da Charlevoix. Tenho certo preconceito com cervejas extremas e imaginava essa daqui como um chá de grama, já que teoricamente é a cerveja mais amarga que já tomei (100 IBU). Sorte estar enganado, pois essa daqui é uma cerveja saborosíssima, com aromas e sabores bem límpidos, com lúpulo na cara obviamente, mas de maneira não agressiva e sem cobrir a complexidade que a cerveja oferece.
Coloração âmbar, com tons alaranjados e uma boa translucidez. O creme é de cor branca, um pouco suja, se forma em boas proporções e tem uma média retenção na taça, permanecendo em partes nas laterais da taça.
O aroma traz lupulpados saudáveis de frutas cítricas, sugerindo tangerinas, laranjas e grapefruit e um potente fundo herbáceo de pinho. Para equilibrar com toda essa rusticidade, notas maltadas de caramelo, açúcar mascavo e mel e um rico frutado de maçã e frutas vermelhas.
O paladar vem menos complexo, mais direto, mas continua muito bem equilibrada. Não é aquela porrada de lúpulo sem sentido (o que também não quer dizer que os 100 IBU sejam discretos) e tem como maior destaque a boa evolução de sabores na boca, de acordo com o decorrer do gole. Sua presença na boca é quase que a todo momento adocicada, trazendo um forte caramelado e um fundo de mel. O frutado vem com um pouco mais de timidez, trazendo em primeiros momentos maçã e tendendo mais tarde para o cítrico. Nos momentos finais, quando tudo parecia bem delicado e suave, vem um caminhão de lúpulos, atropelando tudo o que vê pela frente. Há um forte residual herbáceo e terroso ao final.
Essa cerveja vem de uma linha de Imperial IPA de Charlevoix que utiliza apenas um único tipo de lúpulo na receita e é de se impressionar a complexidade lupulada que os canadenses tiraram do Herkules. Fiquei curioso para provar outras receitas com esse lúpulo.