Na cultura da "botecagem de elite" a Antarctica Original tem sido considerada por muitos uma espécie de cerveja superior. Um pouquinho mais cara e encorpada do que a Antarctica comum, ela desfila nas mesas como uma opção de "cerveja diferenciada" aos olhos de muito gente.
A história da "Original" começa na figura de Henrique Thielen, uma imigrante alemão que aos 9 anos de idade instalou-se com sua família no litoral do Paraná mudando-se, mais tarde, para a cidade de Ponta Grossa. Ali, no ano de 1893, uma cervejaria chamada "Grossel" abriu uma filial. O jovem Henrique Thielen, então com 15 anos, começou a trabalhar na fábrica.
Com o passar do tempo o jovem foi subindo de posição tornando-se primeiro administrador, depois sócio e finalmente proprietário. Já como dono, em 1906, alterou o nome da empresa fundando assim a "Fábrica Adriática de Cervejas". Além de cerveja, vendia também gelo, água mineral e malte.
Em 1919 seu filho, Alberto Thielen, retornou da Alemanha após uma temporada de aperfeiçoamento na fabricação de cervejas. Uma nova empresa foi constituída sob o nome de "Companhia Cervejaria Adriática S/A" na qual Alberto era sócio do pai. No decorrer da década de 1920 muitos novos rótulos passaram a ser produzidos, além de refrigerantes. Em 1931 foi introduzido um novo rótulo chamado "Cerveja Original".
Em 1943 a "Companhia Cervejaria Adriática" acaba sendo totalmente absorvida pela "Cervejaria Antarctica", que já a estava controlando desde 1941.
Nascia assim a "Antarctica Original" que até hoje mantém o rótulo com praticamente o mesmo design gráfico da antiga cerveja. Já quanto aos ingredientes tenho minhas dúvidas. A Ambev jura que se trata da mesma receita.
Líquido de coloração amarela e cristalino. No copo exibe média formação de espuma branca com aspecto irregular, bolhas grandes e baixa retenção.
Praticamente neutra ao olfato, é preciso muita boa vontade para captar alguns sinais de lúpulo e notas de maltose.
De corpo baixo e carbonatação fervilhante, mostra leve dulçor de malte e cereais não maltados com amargor quase inexistente. Essa falta de lúpulo acaba prejudicando o final - desequilibrando-o por conta de uma doçura residual xaroposa um pouco além da conta.
Ironicamente seu maior trunfo frente o paladar médio do brasileiro (que é o baixo amargor) acaba sendo seu maior problema no que tange minhas preferências pessoais. De qualquer maneira, é uma cerveja descompromissada, sem maiores defeitos, refrescante e fácil de beber - desde que servida bem gelada.