Quase um ano de espera por essa Imperial Stout, posso dizer que valeu cada segundo de ansiedade e curiosidade. Recentemente estivemos na Bodebrown para um curso que acontece sempre no último final de semana do mês, e fomos abençoados pela oportunidade de tomar esta dádiva dos deuses direto da fonte e ao lado de ninguém menos do que o criador da cerveja, o amigo e parceiro Samuel Cavalcanti, obrigado! O líquido é negro intenso, oleoso-viscoso, parecendo estar vivo, causando uma sensação de preenchimento tanto na língua, quanto na garganta. O creme tem cor marrom e formação impecável, sujando toda a extensão da taça, mantendo um dedo de espessura até o fim da degustação. O aroma traz uma complexidade incomum, desperta no indivíduo uma vontade ardente de usar ao máximo o sentido do olfato. O álcool está presente, assim como os maltes e a lactose, nuances de chocolate ao leite e pasmem: lúpulos (evidentes e muito bem inseridos), uma mistura de cheiros cítricos, frutados e obviamente doces. Maracujá, laranja, coalhada, leite... As sensações vão se misturando e ganhando proporções inimagináveis. O primeiro gole ao descer pela garganta é rico e complexo, mas ao passar dos minutos e dos goles, os sentidos vão ganhando confiança para decifrar a obra toda. O impacto da cerveja é fenomenal, como dissemos durante a degustação, trata-se de uma cerveja para poucos, um copo foi suficiente para saciar toda a vontade que havia dentro de nós. O final é impecavelmente amargo, robusto, intenso e licoroso, revelando notas cítricas de maracujá e doces de chocolate ao leite, que perduram por um longo tempo após o gole. Estamos diante de uma cerveja para ser literalmente apreciada.