Sou fã incondicional e confesso das Imperial Stout, por ser um estilo que consegue unir , riqueza e complexidade dos maltes, com um potente amargor e aromas secundários das leveduras. Essa curitibana no caso, talvez não mostra tanta complexidade e sim um amargor infernal, fazendo jus aos seus 103 IBU.
Sua coloração é um marrom escuro, em tons avermelhados, potentes, com baixa translucidez. O creme se forma impressionantemente bem, exibindo uma coloração bege, uma persistência fantástica, alta densidade e textura aerada.
No aroma já é perceptível a dose cavalar de lúpulo utilizado. O lúpulo rouba o papel principal e confere notas herbáceas e terrosas a cerveja. O malte torrado também vem potente, trazendo principalmente notas de café e madeira queimada. Em segundo plano, os esteres frutados de cerejas, uvas-passas e maçã vão ficando cada vez mais em evidencia com o aumento de temperatura.
A entrada é adocicada, com predominância das notas frutadas e do leve caramelado. Logo esse docinho, em questão de instantes, desaparece, para dar lugar a uns dos mais potentes amargores que já senti na minha vida. O amargor não vem só daquele torrado, característico do estilo, mas também com uma herbáceo digno de uma IPA das mais potentes. Seu corpo não é dos mais denso do estilo e sua carbonatação é mediana. O retrogosto é longuíssimo e o álcool é pronunciado, tanto que chega a dar uma arranhadinha na garganta.
Trata-se de uma Imperial Stout violenta, que não faz questão nenhuma de agradar aos paladares mais delicados, e provavelmente não agradará aqueles que tem mais sensibilidade ao amargor.