Mais cedo naquela manhã, havia me perguntado: "qual breja mais adequada para acompanhar uma final de Copa do Mundo entre Argentina e França: uma oatmeal stout ou uma american pale ale?" Acredite-me: a decisão que a princípio pode parecer fácil, na realidade não o é! De um lado, um estilo britânico caracterizado pelo admirável negrume torrefado ao extremo de uma combinação de maltes (eventualmente complementados pelo méleo amargor adstringente da aveia), do outro, um estilo de alta fermentação representante do novo mundo que aprimorou (com 'lúpulos próprios') sua contraparte britânica, a chamada bitter. Arriscaria dizer que o lúpulo costuma ser o craque do time, mas repare que uma excelente cerveja não precisa que o lúpulo se destaque tanto para que o conjunto brilhe em campo... e este é exatamente o caso das boas porters e, consequentemente, das stouts. Neste inevitável embate entre europeus escurecidos e americanos ebúrneos, fiquemos com a stout pois acredito ter ela recursos cuja harmonia irão além de sua pretidão coroada pela espuma acastanhada de boa formação. A Paulistânia Largo do Café ocupa o copo com a propriedade que o estilo exige, emana um aroma tostado com boa presença de café e tem sabor encorpado, com notas torrefadas de café, caramelo e doce de leite, adstringência aparece sim, em moderada intensidade. No final das contas a Argentina venceu, e a Paulistânia Largo do Café me acompanhou em um dos jogos mais emocionantes que já vi.