A Gouden Carolus Hopsinjoor é do estilo Belgian Ale, sub-estilo Belgian Specialty Ale, este caracterizado por cervejas belgas artesanais de alta fermentação com algo que as tornam especiais, como por exemplo um tempero único. Pode haver a inclusão na receita de ervas, especiarias, maltes e cereais pouco comuns, eu então um blend de cervejas etc enfim, algo que confira distinção. A coloração pode ser clara ou escura; o aroma pode apresentar ésteres frutados, condimentos, maltes, cereais, lúpulos etc; o sabor via de regra é variável como o aroma e repete tais percepções, podendo proporcionar um corpo de leve a pesado. O diferencial desta breja de alma belga que busca conquistar corações americanos (lupomaníacos) é a utilização de 05 lúpulos diferentes no fabrico, tornando-a praticamente uma 'Belgian IPA'. Quatro deles figuram no site da cervejaria (Golding, Spalt, Hallertau e Saaz), mas o quinto parece ser segredo.
É produzida pela cervejaria Het Anker (O Âncora), instalada na cidade belga de Mechelen, e que tem sua história iniciada nos idos de 1471 pelas irmãs Beguine que cultivavam legumes, fabricavam cervejas, pães e cuidavam de doentes. A partir de 1872 a cervejaria é comprada por Louis Van Breedam e a partir de 1904 passa a ter o nome como conhecemos. No portfólio há cervejas fabulosas como as Gouden Carolus Classic e Easter, as Cuvée Keizer Blauw e Rood etc.
A garrafa é de 330ml, validade 11/05/2014, e traz estampada ao centro do rótulo preto e verde o nome da cerveja, acima figura o histórico escudo da cervejaria e abaixo a gravura estilizada de "Carlos V" montado num cavalo. No contra rótulo menção aos ingredientes, temperatura de serviço, prêmios recebidos pelo rótulo etc. Carlos V foi imperador da Alemanha com cerca de 20 anos, tendo nascido na Espanha em 1500, aos 24 de fevereiro (data em que anualmente são fabricadas as Keizer Bleu e Red para festejar o aniversário) e sido criado na Bélgica, na mesma cidade da cervejaria. Eis a razão da homenagem. O nome Hopsinjoor é a junção de 'Hop' (lúpulo em inglês) com 'Opsinjoor', expressão belga que se refere à uma figura folclórica da cidade (um sujeito baixote, bonachão e bigodudo). Seria um leprechaun belga dos lúpulos???
Vertida na taça revelou uma coloração alaranjada, com elevada turbidez, ostentando uma surpreendente espuma branca de belíssima formação, elevada, consistente e aerada e de longa persistência, com bolhas pequenas e que manteve belas rendas nas laterais da taça e uma fina tampa residual sobre o líquido ao longo da degustação. Perlage perceptível - bolhas pequenas e frenéticas. Perfeita apresentação!
O aroma é destacadamente perfumado e complexo e se apresenta dominado pelas clássicas notas de ésteres frutados, próprias do fermento usado pelas cervejas belgas, numa deliciosa simbiose com lúpulos aromáticos de perfil cítrico (casca de laranja) e herbal, além de malte, panificação, especiarias (pimenta) e álcool.
No paladar o líquido se mostra efervescente e com uma textura oleosa amplifica as percepções olfativas. Bastante complexa e com o equilíbrio tendendo sutilmente aos lúpulos, mas com uma boa base maltada ao fundo que permite um início adocicado, se percebe notas frutadas de pêssego e laranja, malte, fermento belga, açúcar, especiarias (pimenta), lúpulo cítrico, gramíneas e álcool. Este, de 8,0% ABV, é bem inserido e conquanto cause um agradável aquecimento não agride o paladar e ajuda a formar uma bela combinação com o frutado e com o amargor saliente. O final se mostrou seco e amargo e o retrogosto agradavelmente amargo, duradouro e alcóolico. O corpo é médio e a carbonatação é média-alta. A drinkability é ótima, vez que o amargor é 'elegante' ou não exagerado.
Conjunto complexo, equilibrado e refrescante que proporcionaram-me uma degustação altamente prazerosa! Foi a minha primeira degustação de um exemplar do que se poderia chamar estilo Belgian IPA.
