Qual a sua tolerância de amargor para uma cerveja? 70 IBU? 100 IBU? 200 IBU? A Mikkeller não respeita, de qualquer forma. A cervejaria dinamarquesa resolveu pegar pesado mesmo, nem que seja apenas no marketing. Criar uma Double IPA que tenham hipotéticos 1000 IBU é com certeza uma loucura, ainda mais sendo que o ser humano só consegue detectar diferença de amargor até cerca de 100 IBU.
Apresentou a coloração âmbar esperada para o estilo, quase chegando ao cobre e com bastante presença de resíduos. Um creme volumoso, de coloração bege se forma sobre o líquido, persistindo por um tempo e deixando marcas nas laterais da taça.
OS já esperados aromas de lúpulos obviamente se destacam no aroma, trazendo inicialmente aromas mais cítricos que remetem a maracujá, tangerina, grapefruit, morango, abacaxi e manga. Ao fundo os lúpulos ainda evocam notas herbais (erva cidreira) e terrosas. Em segundo plano, os maltes, levemente caramelizados, trazendo nozes e algodão doce.
Esses maltes vem com mais destaque na boca, obviamente para contrabalancear a potente lupulagem e se unindo as notas cítricas dos lúpulos que até parecem dar um pouquinho de doçura, que lembra mousse de maracujá. Obviamente o lúpulo não dá doçura, e sim um amargor violento, que passa como um trator sobre as papilas, e permanece por um bom tempo. Por incrível que pareça, ainda sobre um residual adocicado, que combate a picância do lúpulo e do álcool, perceptível, mas equilibrado. Seu corpo é médio para alta e carbonatação razoável.
Se a cerveja realmente tem 1000 IBU, eu não sei. Mas que é um ótima jogada de marketing, que é uma IPA bem amarga e que é uma das melhores do estilo, que já tive a chance de provar, isso sim.