Esta Baladin Sidro é uma bebida do estilo Specialty Cider and Perry (pera), não sistematizado pelo BJCP. As sidras são feitas a partir do suco de maçã fermentado e se constitui numa das bebidas alcoólicas mais antigas do mundo, podendo ter existido desde mais de mil anos antes de Cristo - cortesia de egípcios, gregos ou celtas (a dúvida persiste). Sidra não é cerveja, apesar do processo de produção ser semelhante. Nesse sentido, são usadas duas fermentações: a primeira, em um tonel de madeira ou aço inox; e a outra, na própria garrafa, o que gera uma gaseificação natural. São refrescantes e o teor alcoólico, em geral baixo, pode variar entre 4% e 8%. A produção de maçã costuma ser feita onde o plantio de uva é difícil, ou seja, em lugares bastante frios. As sidras inglesas são mais secas, frutadas e com pouco gás, ao passo que as produzidas na região francesa da Normandia são mais doces e efervescentes. Há também ótimas sidras produzidas nos EUA, Canadá, Espanha, Bélgica, Alemanha e Itália. No Brasil a Serra Catarinense tem se destacado com a Bardocco (ABV 11%), apesar da referência não ser tão nobre - 'Sidra Cereser' (fermentada uma única vez e gaseificada artificialmente).
É produzida pela Cervejaria Baladin, em colaboração com a Cidrerie Maeyaert. A história da Baladin remonta ao ano de 1986 ocasião em que o proprietário Teo Musso abriu uma creperia na cidade italiana de Piozzo, contando com vasto menu de cervejas importadas no cardápio. Com o passar dos anos a ideia de fabricar a própria cerveja surgiu e tomou corpo com os conhecimentos adquiridos em visitas à cervejarias belgas, inaugurando a produção em 1996 com os rótulos Super e Isaac. Atualmente produz não só cervejas, mas também destilados, SIDRAS, refrigerantes, chocolates, panetones, geleias, fragrâncias etc. O portfólio de cervejas/produtos é vasto e este é o segundo rótulo que degusto, mas tenho na adega: Lune, Terre, Xyauyù Fumé (versão maturada em barril de whisky e versão infusionada com chá chinês), Xyauyù Barrel e outras.
A garrafa é de 750ml (há de 250ml), cor marrom, sem rolha, tampa prateada com o símbolo da cervejaria. Lote 110 – vintage 2011 – validade julho/2014. De requintada apresentação vê-se um bonito rótulo nas cores amarelo e branco com a palavra 'Sidro' em letras grandes e amarelas. Na sequencia, logo abaixo dos dizeres, encontra-se o ano de produção - no caso 2011. Ainda em alto relevo no vidro se lê "Birra Baladin". No contra-rótulo constam: - endereço da fábrica, graduação alcoólica (ABV 4,5%), ingredientes, temperatura de serviço (10 ºC) etc.
Vertida na taça revelou uma coloração alaranjada, turbidez mediana e alguns sedimentos no fundo da garrafa. A espuma de cor branca é de discretas formação e consistência e de fugaz persistência, mas ainda assim manteve uma fina tampa residual sobre o líquido ao longo da degustação. Perlage (bolhas) frenéticas e perceptível.
O aroma desta sidra se mostrou bastante agradável, equilibrado e com boa complexidade. Ostentou perfil caracteristicamente frutado e delicadamente adocicado, com nuances de mel, baunilha e caramelo, doce de maçã, maçãs verdes levemente ácidas, peras e leveduras. O álcool é sutil.
No paladar o líquido aveludado se apresenta na boca com razoável adocicado, mesclado a uma acidez um pouco mais saliente. As impressões olfativas reverberam com mais intensidade e assomam-se notas de mel, baunilha e caramelo em simbiose com frutado de maçãs maduras (compota) e verdes (mais ácidas), além de peras (?) e sutil levedura. O final é seco e levemente azedo e o retrogosto é agridoce. O corpo é médio-baixo e a carbonatação é média-alta. O álcool de ABV 4,5% é discreto e harmoniza o conjunto. A palatabilidade (drinkability) é elevada, pois trata-se de sidra muito refrescante.
As expectativas em torno da minha primeira Sidra foram atingidas e a degustação foi bastante prazerosa, proporcionada por um conjunto delicado, equilibrado e de ótima complexidade. Na adega tenho dois exemplares da francesa Domaine Dupont (Cidre Reserve e Cuvee Colette) para futuro comparativo.