A cria de Teo Musso é bem clara, se conseguir reproduzir, faça. A Baladin Open teve a sua receita divulgada para quem quisesse. Uma cerveja difícil de encaixar em algum estilo. Na verdade, boa parte dos rótulos da Baladin são meio camaleões, e não se assemelham muito com os exemplares clássicos do estilo.
Na taça, faz inveja as mais famosas Golden Strong Ales, com uma creme branco, bem fofinho, que se forma em abundância e permanece em cima do líquido por um bom tempo, deixando marcas nas paredes da taça a cada gole.
O aroma é confuso e me pareceu bem fenólico em primeiros momentos, lembrando cravo e pimenta. O dry-hopping na minha opinião acabou não sendo tão eficaz, perde e muito para o frescor das IPA americanas. Mas como não poderia deixar, há presença marcante de aromas de lúpulo, com cítricos de grapefruit, floral e uma pegada terrosa. Também fica clara a presença de leveduras belgas, que trazem uma porrada de notas frutadas de banana e abacaxi, que se combinam muito bem com a riqueza maltada de mel. Algum aroma acabou me incomodando bastante, lembrando vinho branco, provavelmente presença de acetaldeído.
Na boca une muito bem o cítrico/frutado com a doçura dos maltes. O mel vem mais evidente, e faz cama para o frutado de damascos, laranja e limão, que acabam trazendo uma acidez nítida. Ao longo do gole vai aparecendo um amargor poluído e rústico, lembrando mais os lúpulos ingleses do que os americanos, com aquela pegada herbácea/terrosa. Há ainda um toque apimentado que é ressaltado pela forte presença do álcool, mas nada que se torne agressivo. Pela potência de aromas, seu corpo é leve e se tivesse uma carbonatação mais alta, e menos doçura residual até me traria a sensação de estar bebendo uma Golden Strong Ale mais amarga, como a Duvel.
Pra falar a verdade, achei uma receita bem interessante. Só acho que nessa Baladin, assim como na maioria delas, tem uma pegada adocicada mais forte do que deveria. Mas talvez seja só questão de gosto mesmo.