A Open é uma cerveja de bom aroma lupulado que se aproxima de uma IPA, mas reinterpretada pela cervejaria Baladin, que combinou o frescor do aroma cítrico de uma IPA com a doçura do malte caramelado. Na taça, mostrou coloração âmbar clara e alaranjada, com pouca transparência, algum corpo de fundo bem discreto e um creme marfim de boa persistência. O aroma é bastante fresco e limpo, com destaque para os lúpulos empregados na receita - em especial o norte-americano Amarillo, usado em dry-hopping. Ele lhe dá um aroma cítrico e frutado com um floral de fundo, qu traz notas dominantes de grapefruit acompanhadas de frutas vermelhas, rosas e um toquezinho de tangerina (suponho que do lúpulo, embora até pudesse parecer dos ésteres). O aroma de lúpulo, inclusive, lembra razoavelmente aquele da Colorado Índica, o que é bom prenúncio. Sente-se um certo malte caramelado, e um pouco de DMS ao fundo. No sabor, o malte ganha bem mais força: grapefruit ainda está bem presente, mas agora ao lado de notas sólidas de caramelo e algodão-doce que acabam ofuscando um pouco o frescor lupulado, tornando-a menos fresca e vívida que no aroma. Ao fundo, algo da complexidade cítrica, frutada e floral do lúpulo, e também se sentem alguns toques de fermentação, com notas de coco e xarope. Contrariando o que se esperaria de uma IPA, o paladar é predominantemente doce, com um amargor apenas mediano e uma certa acidez. De maneira geral, ela começa mais amarga para terminar num final mais doce, de média duração, com retrogosto maltado um pouco chapado. O corpo é leve para médio, e a carbonatação não é desprezível. No geral, esta Open é uma cerveja com bons elementos de lúpulo, mas ao mesmo tempo bem acessível e fácil de beber (como, aliás, me pareceram todas as Baladin). Pelo aroma e pelo malte, ela me lembrou a Colorado Índica, mas com menos vividez e paladar menos definido que a nossa conterrânea. Pequenos traços de fermentação e levedura lhe dão um sutil toque "belga", que, aliado à doçura, permite talvez pensar que Teo Musso reinterpretou a lupulagem aromática de uma IPA pelas lentes da escola belga. O comentário do Márcio é justo: a Baladin receia amargor. O resultado acabou, para meu paladar, não atingindo nem a complexidade das belgas, nem o frescor de uma American IPA de forma totalmente satisfatória. Vale ressaltar a interessante iniciativa da cervejaria em disponibilizar publicamente a receita desta cerveja para ser produzida por quem quiser, justificando o nome "Open".