Essa francesinha possui uma tonalidade preta/negra, cor de Coca-Cola mesmo, com um aspecto bastante denso/oleoso e alguns sedimentos ao fundo. Formou uma camada absurdamente gigantesca de creme bege, fofo/disforme e com pequenas bolhas que demorou bastante para assentar e que não some nunca no copo. Deixa um pouco de lacing cremoso retido nas laterais do copo.
Seu aroma é, em geral, seco, porém desprende com facilidade, trazendo à tona esperadas notas de torrefação, café e até um leve chocolate. Mas o que surpreende mesmo são as notas mentoladas de lúpulo herbal, difícil até de descrever à primeira-vista. Também vale notar a presença de sensações de frutas escuras e secas, como passas, figos e ameixas. Possui um quê de citricidade e de grama, mas bastante discreto e difícil de notar. Olfato bastante complexo para um estilo, em geral, tão simples.
Paladar adocicado, torrado e sedoso desde o início do gole. Durante, traz novamente sensações de frutas escuras e secas (ameixas, passas, cerejas) além de sensações fenólicas e de pistache. Amargor fica sempre relegado a um plano secundário, mas que definitivamente não impede que a cerveja esbanje bastante harmonia. Retrogosto seco, duradouro, delicioso e marcante, remetendo essencialmente a torrefação, café, cappuccino e chocolate. O corpo dessa cerveja é leve, com uma textura levemente sedosa. A carbonatação é média/alta, com uma crocância até destoante. O álcool é totalmente discreto e imperceptível. Drinkability muito boa, devido ao equilíbrio e ao caráter agradável e marcante. É um Porter muito fácil de beber.
Essa La Maline é mais uma grata surpresa da Brasserie Thiriez. Curioso ver uma cervejaria francesa tentar reproduzir um típico estilo inglês, mas ela o fez com louvor, resultando num rótulo bastante saboroso, com uma complexidade surpreendente e um caráter vibrante e marcante. É uma Porter com muita qualidade e facilmente recomendável. Deve ficar ainda melhor se harmonizada com chocolate.