É, o nome dá um pouco de medo. Apesar disso, a Coice é uma potente doppelbock com discreta adição de canela que, malgrado a equina intensidade, mostra-se harmônica e equilibrada, muito agradável de se beber. A aparência é um pouco feia, com uma cor acastanhada-alaranjada opaca e espuma medíocre. Mas o aroma revela ótimo caráter, muito centrada nos maltes, com remissões intensas a caramelo, açúcar queimado e amadeirado. A canela não se evidencia de forma óbvia, antes se misturando aos maltes para reforçar uma impressão frutada doce, de compota, lembrando tâmaras secas, figos secos e banana. Há notas florais e algumas "arestas a aparar": algum legume cozido (DMS) e esmalte em intensidade razoável (o que não é de todo incomum em cervejas com esse teor alcoólico, mas que atrapalha um pouco a limpeza do aroma). Na boca, a entrada é bem doce, gostosa, como de doppelbock, mas depois ela evolui para um final longo e equilibradamente doce-amargo, em que os 69 IBUs conseguem balancear bem o doce do malte. O corpo é intenso e a textura, bem licorosa e agradável. No conjunto, é uma cerveja muito interessante, mas que peca um pouquinho aqui e acolá, impedindo-a de se tornar realmente excelente. A canela apenas se insinua: eu estava esperando mais intensidade, mas acho que o efeito ficou legal desse jeito. Fico imaginando se um tempinho de guarda não lhe faria algum bem.