Doce, amena e agradável, essa Baden tem ares de donzela recatada. No copo, mostrou-se dourada-alaranjada, medianamente transparente, com boa espuma branca densa, cremosa, volumosa e de persistência razoável - resultado das proteínas do trigo, suponho. O aroma acabou se revelando ameno, um tanto suave demais, com malte de trigo dominante trazendo notas de aveia, além de presença de canela e mel suave. Na boca, mostrou um pouco mais de intensidade. O sabor é doce e agradável, mas um tanto enjoativo devido à forte doçura sem amargor revelante. Sente-se a boa proporção de malte de trigo, de sabor mais suave do que o de cevada. O malte traz notas de mel intenso em destaque (florada silvestre, ou de flor de laranjeira; mas não de eucalipto), aveia, pão-de-ló e baunilha. Além disso, nota-se canela (que entra na receita como ingrediente) e sugestão frutada de pêssegos. O final é doce, de média duração e com retrogosto de mel, canela e baunilha. No conjunto, lembra um bolo de tarde, desses de se tomar com chá. O corpo é medio, com textura macia e cremosa potencializada pela carbonatação leve.
Concordo com o confrade Menke que é uma cerveja desequilibrada, escorregando demais para o doce, mas com vários elementos muito interessantes e característicos. Permito-me discordar de parte dos colegas, mas ela tem muita personalidade, justamente porque destoa muito daquilo a que estamos acostumados. Forte doçura, lúpulo inexpressivo. Não vá ao copo esperando uma cerveja como as outras; dispa-se das expectativas e permita-se apreciá-la dentro da sua proposta. O pessoal exalta a Colorado com seus experimentalismos na receita, mas muitas vezes se esquece de outros rótulos brasileiros interessantes com adjuntos característicos, como a Backer Brown aromatizada com chocolate ou esta Baden Baden, que leva canela e extrato de frutas silvestres.
Uma cerveja "para moças", segundo minha namorada (que, no entanto, prefere as mais equilibradas mesmo). Penso em três boas sugestões para apreciar tudo o que este rótulo tem a oferecer: tomá-la após a refeição, à guisa de sobremesa; bebê-la no chá da tarde, acompanhada de bolo, chá, manteiga e geléia; ou então colocar uma rodela de limão no copo e servir bem gelada como uma bebida de verão. Pretendo provar as sugestões e depois deixar registrado o resultado aqui!
EDIT: tive a oportunidade de prová-la mais uma vez, com uma rodela de limão para testar, mas não gostei muito do resultado. Ela fica mais equilibrada e refrescante, pois a acidez do limão quebra a doçura excessiva. Contudo, desta vez a canela estava bastante perceptível, e não achei que tenha harmonizado bem com o limão.