Enfim, finalmente estou diante da maior lenda do mundo cervejeiro, aquela que muitos consideram como a melhor de todas as cervejas. Antes, para aguçar o paladar ao extremo, nada mais nada menos do que uma Rochefort 10 que, mesmo após meia dúzia de degustações, ainda consegue provocar sensações surpreendentes. Entretanto, esta ainda não era - ou não deveria ser - a maior estrela desta noite.
Logo ao servir, veio a pulga atrás da orelha: Formou pouca espuma, uma pequena camada densa sob bolhas grandes e esparsas, mas nada que tenha durado lá muito tempo, ao contrário do que todos aqui relataram. Não fosse o aroma forte, complexo e delicioso, teria achado que se tratava de uma falsificação barata.
O sabor é extremamente intenso, apresentando notas de lúpulo, vinho do porto, frutas escuras, vermelhas e cítricas, malte tostado e chocolate. O corpo é robusto e o final é longo a ponto de parecer interminável.
A lupulagem, ao meu ver, poderia ser mais comedida. O amargor intenso e longo confere muita personalidade à ela, mas por vezes se sobrepõe às outras sensações, prejudicando a harmonia do conjunto.
Comparando com a Rochefort 10, diante da sombra monstruosa da cerveja que a precedeu, a Westvleteren ABT 12 é ainda mais intensa, mas menos complexa e bem menos equilibrada. Confesso que estou um pouco decepcionado. Sou muito mais dos monges de Saint Remy.