Detalhe da Avaliação

3.3 4
Alemanha
Mauricio Beltramelli
Mauricio Beltramelli
12 de Outubro de 2010 5408
Avaliação Geral
 
3.4
Aroma
 
7/10
Aparência
 
4/5
Sabor
 
13/20
Sensação
 
3/5
Conjunto
 
7/10
O sabor da breja é salgado, e não por acaso: a ela é adicionada uma quantidade de sal. Ao mesmo tempo, é também azedo, obra da adição de bactérias lácticas após a fervura do mosto. Os aromas e amargores do lúpulo são pouco perceptíveis. É elaborada com pelo menos 50% de malte de trigo, e não é filtrada. Seu teor alcoólico varia entre 4% e 5% ABV. Esse é um dos únicos três rótulos ainda fabricados no mundo – em diminuta escala. Há ainda quem goste de misturar a breja a doses de kümmel, um aguardente de cominho. Está-se falando do estilo gose, um tipo muito raro de cervejas ale, que sequer é mencionado no BJCP, o guia de estilos de cerveja mais comumente utilizado.

Goslar é uma pequena cidade do norte da Alemanha mais famosa por ter sido, em 1123, o lar do imperador Friedrich I, o Barba-Ruiva. Ostenta a maior concentração de casas antigas em estilo enxaimel do país. Foi lá, a partir do seu nome, que no século 18 a gose foi brassada pela primeira vez, tornando-se popular também em Leipzig onde, até o final dos anos 1800, foram fundadas várias cervejarias. Diz-se que o escritor Goethe, em suas visitas à cidade, esbaldava-se da breja.

Inicialmente, a gose (não confundir com gueuze, outro estilo de cervejas não menos “esquisito”) era fermentada espontaneamente, com leveduras selvagens trazidas pelo ar, a exemplo das lambic belgas. Já no século 19, esse método foi abandonado com o uso de fermentos e bactérias lácticas na intenção de produzir o mesmo efeito. Por utilizar o sal e o coentro em sua receita, a gose é uma das poucas brejas alemãs a não seguir a Lei de Pureza da Baviera (Reinheitsgebot), uma vez que é considerada uma “especialidade regional”.

Até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a cervejaria Rittergutsbrauerei, na cidade de Dölnitz, era única ainda em funcionamento a produzir a breja. Quando, em 1945, foi nacionalizada e fechada, a gose desapareceu do mapa. Nos anos seguintes o estilo ainda ensaiou algumas aparições na Alemanha, mas sem emplacar.

Foi somente em 1980 que um certo Lothar Goldhahn, que estava restaurando um antigo gosenschenke (bar especializado em servir a gose), decidiu reviver a variedade. Começou então a procurar, inicialmente sem sucesso, por cervejarias da região que se dispusessem a fabricar o estilo esquecido. Graças a Lothar, hoje há três cervejarias que ainda produzem a gose. Uma delas, a Brauhaus Goslar, ainda funciona, modesta e artesanalmente, na pequena e linda Goslar, onde tudo começou.

Já esta Leipziger Gose, na aparência, lembra bastante a witbier, tanto na coloração amarelo-clara turva quanto no creme medianamente denso e persistente.

O aroma é bastante frutado, logo aparecendo o coentro. Há ainda notas adocicadas, leve acidez láctica, além de um frutado evidente que lembra o abacaxi.

No sabor é onde o sal aparece, mas sem a agressividade que a fama do estilo faz supor. Mas a predominância mesmo é da acidez, além do coentro residual.

Por vários aspectos, a breja lembra as lambics (de fermentação espontânea). A acidez láctica acompanha toda a degustação, além da alta carbonatação.

Valeu a experiência em degustar esse "fóssil" cervejeiro!

Detalhes

Degustada em
10/Setembro/2010
Envasamento
Volume em ml
500 ml
Onde comprou
Chicago - EUA
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