Já provei outras duas deliciosas e complexas Liefmans, que mostram aromas típicos de leveduras de alta fermentação, mas com um fundo de aromas produzidos pelas leveduras do gênero Brettanomyces, as mesmas que agem nas cervejas de fermentação espontânea. Já esta Liefmans Fruitesse, opta por ser uma cerveja bem mais simples, direta e fácil de beber, de perfil mais adocicado, lembrando muito um refresco.
Tem uma apresentação linda na taça: uma coloração avermelhada, lembrando rubi, com alta translucidez. O creme é de cor salmão, com uma formação razoável, com bolhas grandes, mas que pouco dura sob o líquido.
Aparece no aroma uma infinidade de frutas vermelhas. Não é por menos, já que a cerveja é maturada por 18 meses com cerejas frescas e depois ainda blendada com sucos naturais de frutas como cereja, uva-do-monte, morango sabugueiro e framboesas. Quem dominou pra mim, acabou sendo os aromas de cereja, mas ainda aparecem mais ao fundo morango, framboesa e oxicoco. Ainda há um toque maltado de mel e um frescor de hortelã, que quase desaparecem com a potência frutada.
Como não podia deixar de ser, as frutas vermelhas acabam dominando na boca também, lembrando suco de morango e xarope de cereja, mas peca bastante pelo desequilíbrio. Achei a cerveja extremamente doce e pede por um pouco de acidez, não necessariamente como a de uma Cantillon da vida. Mesmo assim traz um caráter bem refrescante, pela carbonatação frisante, que lembra um vinho rosé de certa maneira. Seu corpo é leve para média e possui ainda uma textura lisa. Ao final ainda um leve terroso, que até tenta quebrar a doçura que impera a todo momento.
Costumo encarar Fruit Beers assim docinhas muito mais como um refresco do que como cerveja. Acho que tenho propensão a me decepcionar muito menos. Ainda fico com uma ácida e complexa Fruit Lambic.