Excelente texto Felipe, obrigado pela dica!
Eu complementaria a questão da subjetividade e seu relacionamento com o preconceito falando um pouco sobre sugestionamento.
O autor fala "é a soma das experiencias passadas encerradas no cérebro que enquadram as sensações". Perfeito.
Acrescento que temos uma biblioteca de referências que usamos para entender o mundo. São atalhos úteis, não precisamos a cada coisa ou situação refazer todo o trabalhoso raciocínio de interpretação feito no primeiro contato, recorremos à nossa biblioteca e resolvemos logo a questão quase instantaneamente.
Claro, essa faca tem dois gumes. De um lado, nos permite lidar de forma eficiente e eficaz com uma série de problemas que afetam a sobrevivência.
Do outro, tem efeito colateral do sugestionamento. As informações sobre as quais nos baseamos para acessar nossa biblioteca são superficiais e influenciadas ainda pelo resultado esperado, que favorece uma interpretação parcial que se afasta da realidade e induz o erro. O pessoal do marketing explora essa deficiência à exaustão.
Acontece em todo os campos. No livro "O Andar do bêbado" de Leonard Mlodinow ele conta sobre um dia em que o filho, no ensino fundamental, chega da escola com uma nota boa, mas não excelente em Redação. O problema é que o texto havia sido escrito pelo pai, um escritor profissional. É o mesmo caso do vinho, a professora fez sua avaliação pela "garrafa".
Sabendo da influência do sugestionamento sobre nossa percepção, podemos nos monitorar pra buscar em nossa biblioteca referências diferentes daquelas inicialmente indicadas pela experiência/conhecimento anterior. Ou podemos evitar indicações contaminantes, no caso do vinho por exemplo, degustá-lo sem saber a origem, preço ou avaliações prévias.
Como em qualquer processo de filtragem, utilizando os filtros corretos podemos ter um resultado mais puro, talvez nunca isento, mas melhor.