Em fevereiro anunciamos aqui a criação da Bodebrown, primeira cervejaria-escola do país fundada em Curitiba (PR). Pois não se passou sequer um ano e os bons ventos cervejeiros paranaenses já sopraram.
Através do beneplácito da cervejaria, recebemos algumas das novíssimas crias do pessoal para degustação, antes mesmo do registro ministerial dos rótulos. No último final de semana, as brejinhas foram postas à prova pela Confraria Cervejeira Campineira, da qual este escriba faz parte. A degustação aconteceu no Bar Brejas.
Trata-se da linha de cervejas Venenosa, com dois surpreendentes e deliciosos rótulos: Venenosa Imperial IPA e Venenosa Imperial Milk Stout. Já na aparência dá pra sentir que a Bodebrown, definitivamente, não vem a passeio no cenário das cervejas artesanais brasileiras. Em marotas garrafinhas de 330ml, as tampinhas metálicas são recobertas com cera. E os rótulos… Bem, os rótulos são esses que o leitor vê na foto deste post.
É nítido que a cervejaria-escola “bebeu” da profícua fonte da Nova Escola Cervejeira Americana não apenas no bom-humor dos rótulos. As brejas são, cada uma com a sua característica de estilo, verdadeiras pancadas sensoriais.
A Venenosa Imperial IPA é uma belíssima representante do estilo em terras patropis. De longe já dá pra sentir no aroma os lúpulos, sugerindo grama, resina e alguns toques cítricos lembrando limão siciliano e grapefruit. As notas aromáticas se intensificam no complexo sabor, trazendo um amargor rascante e agradável — especialmente para hopheads como este que vos escreve. As sensações se completam com algum caramelo. O corpo é denso, a carbonatação é alta e o final é longo e amargo. Uau!
O nome “Milk Stout”, proscrito como estilo na Grã-Bretanha, deriva do uso da lactose, especialmente para conferir dulçor ao conjunto. Muitas vezes confundida ou aglutinada pelo estilo Sweet Stout, a variedade é, por vezes, chamada de “Cream Stout”. A Venenosa Imperial Milk Stout, de fato, apresenta alto dulçor, com um “brinde” extra: A breja radicalizou na potência alcoólica (14,5% ABV), de uma forma tal que esse álcool se insere magicamente no set, valorizando-o. O resultado é uma breja bastante complexa, com notas aromáticas de madeira queimada, ameixas em compota, brandy, caramelo e tostado. O corpo é licoroso e a carbonatação é média/baixa, potencializando o quente do álcool. Uma cerveja deliciosamente reconfortante.
Mas bom mesmo é ver o Paraná entrando definitivamente no mapa cervejeiro nacional, presenteando o país com brejas verdadeiramente inovadoras e com cheiro de vanguarda. Aqueles que clamam por boas novidades não se decepcionarão por esperar esses venenos!
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