Poperinge, Watou, St. Bernardus

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Nossa aventura pelo oeste belga se prosseguiu pela região de Poperinge conhecida por suas plantações de lúpulos e considerada a capital belga desta planta.  É nesta época do ano que a germinação acontece e as plantas ainda não são visíveis. Pelos campos da região pudemos constatar as estruturas de madeira em pequenos terrenos espalhadas por toda a área. Mas mesmo fora de época é possível conhecer e se informar mais sobre esses lúpulos belgas visitando o Hopmuseum  que fica no centro de Poperinge. Ali encontramos a história da cultura desta planta, através de uma exposição pedagógica com ilustrações, fotos e maquetes que nos faz viajar pelo universo da planta e seus produtos derivados, assim como entender melhor sua utilização na fabricação de cervejas.

O humulus Luphoublon-fleurulus pertence a um gênero da família cannabinaceae.  É um herbáceo perene, volúvel, vivaz e robusto que cresce no hemisfério norte. Vigorosa, sua trepadeira desenvolve-se  rapidamente e pode atingir seis metros de altura. Na fabricação de cervejas utiliza-se somente a planta fêmea, que produz os requisitados cones que apresentam grandes quantidades de resinas amargas e óleos essenciais.  Vale lembrar que além do sabor, do aroma e é claro do característico amargor, os lúpulos contribuem ainda para a estabilidade microbiológica e físico-química das cervejas agindo como anti-séptico e conservante, além de apresentar efeito digestivo e relaxante, abrindo o apetite e fortalecendo o sistema nervoso.

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Continuamos nosso passeio pela Trappistenweg, uma longa rua que atravessa justamente esses campos e que liga o vilarejo de Abele com o vilarejo de Watou.  Nossa parada foi no meio do caminho na Saint Bernardus Brouwerij, conhecida por fabricar uma das cervejas mais bem cotadas dos principais rankings de cervejas internacionais. É ali mesmo que são  fabricados todos os rótulos da cervejaria que são exportados para muitos países de todos os continentes.

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A história da cervejaria é diretamente ligada as abadias Cistercienses dos monges trapistas de   St. Sixtus de Westvleteren na Bélgica et de  Mont Des Cats na França não muito longe dali. No final do século XIX a fazenda de Notre Dame de St. Bernard serviu de refugio aos monge franceses perseguidos pelos anticlericistas. Neste período, esses franceses iniciaram na fazenda uma fabricação de queijos. Após alguns anos eles retornaram para França e a fazenda continuou a produção colocando o nome de Saint Bernardus nos seus queijos.

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Em 1945 a abadia de Saint Sixtus acordará a Saint Bernardus a licença de produzir as cervejas de Westvleteren que construirá novas instalações para o feitio. No anoseguinte a fazenda decidirá se dedicar exclusivamente à fabricação das receitas originais destas interessantes cervejas.

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Durante várias décadas a Saint Bernardus Brouwerij produzirá os três tipos de cervejas dos monges da abadia de Saint Sixtus. Esta colaboração se terminará em 1992, quando as abadias trapistas definirão exigências de qualidade e do modo de produçâo para os produtos selecionados pelo selo Trappist, trazendo a fabricação de volta para abadia de Saint Sixtus. A partir dai a Saint Bernardus Brouwerij continuará sua produção das cervejas Pater 6, Prior 8 e Abt 12, mas com o nome de St Bernardus , sem mencionar Sixtus e iniciará a fabricação de mais um estilo, uma blonde chamada  St Bernardus Tripel!  Recentemente mais três rótulos fazem parte da família. A Saint Bernardus Blanche, a Watou Tripel e a Bières de Grottes

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A cervejaria  foi recentemente renovada para atender a crescente procura de suas cervejas e  atualmente a fabricação se faz em instalações modernas. O mosto que é feito hoje passa pela fermentação primária e entra num longo período de maturação (quase dois meses). A cerveja então é refermentada na garrafa. As garrafas ainda ficam mais um mês nos depósitos da Trappistenweg antes de serem distribuidas.

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A totalidade de lúpulos utilizados na produção de suas cervejas é cultivada ali mesmo, neste terreno que fica ao lado da cervejaria. As variedades plantadas são Magnum, Target, Saaz, Fuggle e Golding
A totalidade de lúpulos utilizados na produção de suas cervejas é cultivada ali mesmo, neste terreno que fica ao lado da cervejaria. As variedades plantadas são Magnum, Target, Saaz, Fuggle e Golding

Fica aqui a dica de outro lugar imperdível quando se passa pela região. Trata-se do Noel Cuvelier’s, localizado na Abelstationsplein 30, um distribuidor de cervejas que fica dentro de uma fazenda do vilarejo de Abele. Lá você fica rindo sozinho ao ver a quantidade e a variedade de cervejas belgas oferecidas a preços imbatíveis. O excelente Beer Shop do Sr. Noel figura na lista dos top10 do belgiumking.com que oferece interessantes endereços cervejeiros na Bélgica.


Comments

One response to “Poperinge, Watou, St. Bernardus”

  1. A reflexão fica também nas diferenças entre as cervejas de Westvleteren como as que conhecemos e as três cervejas produzidas pela St Bernardus, a pater, a prior e a abt, disponíveis no mercado. Todas as duas muito boas, cada qual com suas características, porem boas diferenças as deixam distintas. O exercício comparativo, com moderação, não faz mal a ninguém e vale muito à pena.

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