Cerveja artesanal meia boca e consumidor desinformado: uma combinação de sucesso!

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O contingente de novas cervejas (nacionais e importadas) que chegam às gôndolas quase que diariamente, geralmente trazem com elas um modus operandi que é típico do nosso mercado: rótulos engraçadinhos, trocadilhos nos nomes das brejas (no caso das nacionais), histórico irrelevante e praticamente nenhuma menção ao fator qualidade.

De uma forma geral, essas cervejarias basicamente contam com o fator novidade para atrair a atenção do consumidor. Pergunta: e tal estratégia funciona? Perfeitamente. Ao menos enquanto existir consumidores tão “bem informados” como este do exemplo abaixo:

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Comentário sobre a cerveja Sul Americana Pilsen feito em grupo cervejeiro do FB.

Como vimos, existe uma peça fundamental nesse tabuleiro que é a grande responsável pelo sucesso da empreitada: o consumidor deslumbrado, desinformado e sedento por novidades. É com base nesta vertente do mercado que boa parte dos projetos que envolvem cerveja artesanal no Brasil ganha vida. Claro que se o projeto for viabilizado com o dinheiro desse mesmo consumidor, aí a jogada passa a ser de mestre.

Infelizmente ainda é bem pequeno o número de cervejarias que entram no mercado buscando seu espaço com base especificamente na qualidade de seus produtos. Ou seja, cervejarias que entregam primeiro antes de pedir algo em troca. No entanto, é lícito dizer que, com esse modelo de negócio, essas cervejarias mesmo que talvez de forma inconsciente, acabam que fomentando o senso crítico do consumidor. E isso é crucial para subir o nível da cena cervejeira brasileira.

Mas será que a questão da qualidade é tão importante assim para o sucesso de uma cervejaria? No Brasil ainda não, mas tenho esperanças que será. Se pegarmos o mercado cervejeiro mais competitivo do mundo atualmente (os EUA) para uma breve análise, veremos que uma cervejaria de qualidade consegue quase que de forma natural o seu espaço, e de forma rápida! Lá, uma cervejaria já pode nascer hypada dependendo de sua história. Peguemos por exemplo o caso da Veil Brewing: com menos de dois meses de vida ela já é um sucesso absoluto! Sorte de principiante? Não quando o cervejeiro já tenha trabalhado na Hill Farmstead, Alchemist (ela mesma, a que faz a Heady Topper) e Portsmouth: cervejarias reconhecidas mundialmente pelo alto nível de suas cervejas (ah, e elas não tem medalhas!).

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Foto: Divulgação

Como eu sou um otimista, sinceramente torço para que as boas cervejarias ocupem o vácuo deixado pelas medíocres na preferência do consumidor médio. Este último por sua vez precisa compreender que tem um papel de protagonista neste movimento de ruptura. Para isso, ele terá que se informar melhor sobre o que está bebendo. Ou vai continuar preferindo aceitar bovinamente pagar caro por algo de qualidade digamos no mínimo duvidosa?

 

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FiL CruX
Beer Sommelier ávido por cervejas *A+* . É também um apreciador de música extrema e colecionador de miniatura de carros da PSA.