Realizada a cada dois anos, a edição deste ano World Beer Cup, apelidada de “Olimpíada da cerveja”, foi ingrata com as 58 cervejarias brasileiras concorrentes. Ao contrário do concurso de 2014, no qual o Brasil ganhou duas medalhas com a cervejaria Wäls, de Belo Horizonte, desta vez o país saiu sem prêmios da cidade de Filadélfia, na qual realizou-se a competição cervejeira mais importante do mundo.
Tragédia? Motivos para desespero? Estamos involuindo?
Estive lá, pela segunda vez, como um dos 13 jurados brasileiros selecionados para a competição (foram 260 no total), e teço breves comentários:
1) Trata-se talvez do concurso cervejeiro mais disputado do planeta, e a forma de aferir esse nível de dificuldade, antes de ver quem ganhou, é assinalar quem NÃO ganhou. Saíram de mãos abanando cervejarias incensadas como Dogfish Head, Allagash, Russian River, Brooklyn, Deschutes, e isso pra ficar apenas nas americanas. Ou seja, não ganhar medalha não é demérito pra ninguém, lembrando ainda que cada cervejaria só pode inscrever 4 rótulos.
2) A falta de medalhas brasileiras (e aqui vou chover no molhado) é um reflexo do nosso atraso em inúmeros aspectos. Basta uma rodada pela Expo Brew America pra se ter a ideia de como o mundo civilizado está a anos-luz na nossa frente, em equipamentos, soluções, técnicas, insumos, profissionalismo, legislação etc. E de como os nossos cervejeiros são heróis em trabalhar nessas condições desvantajosas. Empreender por aqui ainda é uma aventura arriscadíssima.
3) Palmas para os japoneses, que surpreenderam levando várias medalhas. É um outro país no qual devemos nos espelhar.
4) Palmas para as 58 cervejarias brasileiras que se inscreveram no concurso mais importante do mundo. Não fugiram do pau. Pagaram uma nota preta pra enviar as amostras, acreditaram nos próprios trabalhos. Estão de parabéns!
Agora é voltar às pranchetas, estudar, trabalhar, evoluir. Nos vemos em 2018, quem sabe em melhores condições pra levarmos nossas medalhas!
Leave a Reply
You must be logged in to post a comment.