Produção da cerveja foi suspensa pela Heineken
Minha história com a cerveja Kaiser Bock começou numa noite gelada da década de 90 em São Tomé das Letras, cidadezinha mineira no alto da Serra da Mantiqueira. Era lá que iam (ou ainda vão, não sei) moleques que, como eu, ainda preservavam a crença em ovnis e consideravam que a vida ideal poderia consistir em tomar vinho barato diante da fogueira, olhando as estrelas e fazendo outras coisas menos publicáveis. Lembro que, no boteco do camping, havia aquela cerveja mais escura e com sabor tostadinho que não me enjoava como as outras então disponíveis, e que esquentava a palavra e a cantoria raul-seixeana ao redor do violão. Tomei cântaros dela.
A vida correu e jamais desapeguei da Kaiser Bock, uma das poucas e honradas cervejas brasileiras “de massa” que, a cada inverno, informavam o brasileiro sobre a existência de novos estilos cervejeiros diferentes da velha standard lager do boteco. Por causa dela, aliás, até hoje tem gente acreditando que só existem duas categorias de cervejas, a “pilsen” e a bock. Não é verdade, mas, a bem da cultura cervejeira, pelo menos é um começo. Não me lembro de ter falhado sequer um ano, tomando pelo menos uma garrafinha pra sentir como a breja estava.
Pois que, nesse ano, senti falta da danadinha. Procurei e não encontrei. Resolvi mandar um e-mail pra Heineken Brasil, que a produz, mesmo com pouca esperança de resposta, que, pro meu espanto, chegou:
“Boa tarde Sr. Mauricio
Agradecemos o contato e ficamos satisfeitos em atendê-lo!
Informamos que por questões mercadológicas, a cerveja Kaiser Bock não será distribuída este ano. O motivo dessa decisão é o de que a HEINEKEN Brasil está reavaliando o portfólio de seus produtos.
Estamos sempre à disposição.”
É isso, simples assim. Nesse ano, #naovaiterkaiserbock e pronto.
A despeito das diretrizes da Heineken Brasil, permitam-me lançar um lamento. Estão matando a boa e velha Kaiser Bock, uma cerveja pioneira que, desde 1993, ajuda a ensinar os brasileiros que há algo mais no árido horizonte das cervejas clarinhas, fraquinhas, levinhas. Uma das pouquíssimas cervejas mainstream brasileiras a aliar baixo preço e boas percepções de aromas e sabores.
Campanha #voltakaiserbock
Cervejeiros nostálgicos de todas as plagas, uni-vos! Ouso lançar aqui, mesmo que de brincadeira, a campanha pela volta da breja, espalhando a hashtag #voltakaiserbock. Não sei se serei ouvido nem apoiado, mas faço a minha parte pela volta dessa cerveja tão marcante — e importante para a educação cervejeira.
Enquanto a breja não volta, chore comigo lembrando o velho e inesquecível comercial da breja:
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