Por Mauricio Beltramelli*
Ontem alguns cervejeiros amigos me perguntaram pela internet sobre uma nova cerveja no mercado (incluindo aí o Bar Brejas, do qual sou um dos sócios) a qual, embora tenha o rótulo sugestivo — e, justamente por causa disso, esteja sendo objeto de desejo entre os consumidores — foi feita com o propósito de refrescar, não apresentando grandes malabarismos estilísticos. “Ela presta?”, perguntaram-me os cervejeiros.
Se presta?
São várias as respostas
Analisando sensorialmente, trata-se de uma premium lager a carecer de maior caráter maltado. A que consumi tinha uma incômoda presença de um defeito que prefiro aqui não mencionar, fato que prontamente comuniquei ao fabricante (como sempre faço nesses casos), no que ele concordou e se prontificou a tentar acertar. No mais, é uma cerveja refrescante e fácil de beber, perfeitamente adequada ao seu público-alvo.
Se presta? Do ponto de vista de 100% dos consumidores que vêm ao Bar Brejas, presta, e presta bastante. Ninguém detectou o defeito que apontei, não que eu tenha conhecimento. Todo mundo que perguntei saiu satisfeito, adorou a cerveja e levou consigo a sua garrafinha pra colocar na estante.
Se presta? Do ponto de vista do divulgador de cervejas especiais e da cultura cervejeira presta, e muito. O Bar Brejas vem sendo literalmente invadido por gente que jamais veio aqui, chega à procura desta cerveja, toma uma, examina o cardápio e/ou consulta o staff e se depara, surpreso, com a enorme diversidade de cervejas à disposição (entendendo que, por óbvio um bar de cultura cervejeira que honra o nome tem a obrigação de elaborar Carta de Cervejas informativa e treinar seu staff para que o público “leigo” não fique à deriva). Quem vem à procura da nova cerveja nunca fica só nela, e volta pra provar mais cervejas diferentes.
O saldo?
Presta! Quem está por aí falando mal da cerveja por falar é porque não tem a mínima noção da profundidade do mercado cervejeiro nacional na prática, no qual é preciso igualar-se nas expectativas do consumidor médio a fim de poder “fisgá-lo”, nunca antagonizar com ele. É quem, burramente, acha chique ser “beercool” blasé (apesar do termo definitivamente esquisitão…). Essas pessoas, em geral, cresceram tomando cervejas “mainstream”, as quais serviram-lhes de escalada para saber escolher cervejas melhores. Agora, cospem no copo que beberam.
Continuaremos vendendo a dita cerveja no Bar Brejas. Não compactuamos com preconceito cervejeiro, seja “brahmeiro” ou do lado das especiais. Ter preconceito em cerveja é antagonizar, ao invés de unir. E a vida mostra que não ganhamos nada antagonizando.
É a minha modesta opinião. E vocês, o que acham?
*Mauricio Beltramelli é editor do BREJAS e um dos sócios do Bar Brejas, de Campinas, administrado por este site.
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