Chegamos então à grande questão: diante disso tudo, o que podemos esperar, sensorialmente, das bières brut? Comecemos vendo o que o processo produtivo pode nos adiantar sobre seu perfil sensorial, e depois tentemos fazer uma descrição sistematizada do estilo.
Expectativas iniciais
As bières brut não estão cadastradas em nenhum dos dois grandes guias de estilos usados por produtores e sommeliers de cerveja (o do BJCP e o da Brewer’s Association). No BJCP, elas seriam classificadas no estilo 16E (Belgian specialty ale) ou simplesmente no 18D (Belgian golden strong ale). Em parte, a pouca tradição do estilo e o número inexpressivo de rótulos justificam a ausência do estilo nos guias. Apenas o portal norte-americano Beer Advocate apresenta uma categoria à parte para o estilo, denominada “bière de champagne / bière brut”; contudo, a denominação engloba cervejas com outros perfiis sensoriais, com teor alcoólico variado, e até algumas que sequer passam pelo método champenoise! De qualquer modo, avaliando-se pelos rótulos que vemos no mercado nacional, e pelas características do processo produtivo, é possível delinear um perfil do estilo nascente, e é o que tentarei fazer aqui.
Em primeiro lugar, o estilo de base fornece a maior parte das características sensoriais que podemos esperar das bières brut. Nos exemplares típicos do estilo, a receita de base é uma tripel ou uma Belgian golden strong ale, cervejas que se caracterizam pelo alto teor alcoólico, pela relativa secura (mais acentuada nas golden strong ales) e pela enorme complexidade de aromas secundários, em especial os ésteres, os álcoois superiores e os fenóis, resultando em características frutadas, florais e de especiarias.
O método champenoise responde por algumas outras características comuns ao estilo. A fermentação na garrafa produz uma alta carbonatação e uma forte sensação frisante, comparável à dos espumantes, que contribui para tornar o corpo mais leve. A levedura de espumantes pode contribuir com uma nova camada de complexidade aromática. A longa maturação em leveduras acentua ainda mais o perfil de características frutadas e florais, além de atenuar o amargor e o aroma do lúpulo. Por fim, o fato de a cerveja ser comercializada sem as leveduras na garrafa é muito relevante: em primeiro lugar, isso a torna totalmente brilhante e transparente, aumentando sua atratividade na taça. Além disso, a sensação na boca se torna mais leve, e a sensação ao engolir é limpa e refrescante. Desaparece aquela sutil terrosidade ou rugosidade na textura das cervejas belgas e, como resultado, o gosto permanece na boca mais límpido e cristalino.
A longa maturação responde ainda por algumas características que aproximam as bières brut de cervejas envelhecidas. Em algumas degustações de bières brut, pude identificar um aroma que também se encontra também em muitas lambics (cervejas de fermentação espontânea que chegam a ser maturadas por anos antes de serem comercializadas). Há dois tipos de aromas bem típicos das lambics: os aromas animais ligados à ação das leveduras “selvagens” do gênero Brettanomyces e os aromas de oxidação. A primeira possibilidade é pouco provável no caso das bières brut (que, a princípio, não recebem leveduras selvagens), mas a segunda condiz com a longa maturação pela qual ambos os estilos passam. Trata-se de um composto químico derivado de reações de oxidação e formado durante a maturação, o benzaldeído, que tem um aroma de amêndoas cruas (não as torradas), entre o terroso e o mineral. Acredito que essa característica deva responder pela sutil “sensação de lambic” que eu percebi em algumas bières brut, mas a questão ainda segue um pouco nebulosa para mim.
Por Alexandre Marcussi*
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Esta matéria em nove partes sobre as bières brut foi escrita e publicada entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012 no blog O Cru e o Maltado, e agora está sendo republicada na íntegra, em versão revisada, no BREJAS.
Com a chegada do fim de ano, eu não poderia deixar de registrar algumas linhas sobre o estilo de cerveja mais associado às grandes festas e celebrações: as bièresbrut. Em suas encarnações belgas ou brasileiras, ela seguramente estará na mesa de vários amantes de cervejas artesanais neste réveillon. Curiosamente, o Brasil é um dos países que mais se destacam na produção deste elaborado estilo tipicamente belga, o que sem dúvida é motivo de orgulho e sinal de maturidade de nossa indústria – mas também deve ser um alerta para pensarmos um pouco. Abro aqui uma série de posts sobre as bièresbrut, com o objetivo não apenas de ajudar na escolha do rótulo mais adequado para cada um, mas também para incentivar uma reflexão sobre o significado que essas cervejas têm assumido no Brasil nos últimos anos. Comecemos pela última parte.
A celebração na mesa
O final de ano é a época em que fazemos uma pausa, tentamos passar em revista o ano que se foi e meditamos sobre o que virá. Invariavelmente, a época pede celebração, e as festas são ensejo para novas comidas, novas experiências: a despensa e a mesa se enriquecem com produtos que reaparecem magicamente nos supermercados em novembro para voltarem em janeiro ao seu silencioso exílio, como as castanhas portuguesas com as quais pretendo, mais uma vez, tentar fazer marron glacé. Tentar. Pela terceira vez.
Esse momento de reorganização da vida e do nosso ritmo cotidiano é marcado com uma dieta diferente, a das grandes festas, que quebra o ciclo da alimentação cotidiana e instaura uma ruptura do tempo “normal” de nossas vidas. Novas comidas, e também novas bebidas para marcar, na mesa, esse novo tempo que se vive. Não podem faltar asbebidas normalmente dedicadas às celebrações, em especial o espumante – seja o tradicional champagne para os mais abastados, seja um vinho frisante de qualquer outra procedência ou mesmo uma sidra popular. Em contraste com a corpulência dos vinhos tintos mais gordos, a leveza quase diáfana dos espumantes convida-nos a esquecer nossas preocupações por um instante, e a sensação frisante brinca com nossa sensibilidade e nos torna mais receptivos ao novo, ao alegre.
Claro que celebrações também são momentos de dispormos das riquezas que acumulamos para contentar nossos entes queridos – ou para nosso próprio contentamento autoindulgente. Entre os povos nativos da costa oeste norte-americana, era comum a realização de cerimônias periódicas conhecidas como potlatch, em que os chefes mais ricos distribuíam presentes e, eventualmente, até mesmo desperdiçavam intencionalmente e destruíam riquezas. Será que nossas suntuosas festas de fim de ano ou as de casamento que alguns anfitriões abastados preparam não têm uma função semelhante? Sem dúvida têm, mas com uma diferença: numa sociedade baseada na troca e na reciprocidade, como é o caso dos indígenas norte-americanos, o potlatch funciona como momento privilegiado de união entre as pessoas e de acesso a produtos escassos. Já na nossa sociedade de mercado consumista, festas suntuosas adquirem o papel de ostentação de riqueza e demarcação de hierarquias de status.
Seja como for, esse período está – para o bem e para o mal – associado à fartura: ao seu desfrute e também à sua ostentação. Por isso, as bebidas da época assumem uma aura de sofisticação e de riqueza: quem poderá negar que, entre todos os tipos de vinho, os champagnes são os mais rodeados de uma aura de glamour? Quanto mais caro, aliás, maior é o status de quem oferece (ou, pior, bebe solitariamente) a garrafa. Para alguns consumidores, isso parece influenciar a percepção de preços de tais produtos. As pessoas parecem se esquecer de que o alto preço final doschampagnes para o consumidor está ligado aos altos custos envolvidos em sua fabricação (voltaremos a esse ponto nos próximos posts), e parecem acreditar que está antes ligado a esse suposto glamour da bebida, levando a todo tipo de mistificação, esnobismo e abuso. Quem está mais preocupado em usar a bebida para ostentar a riqueza acaba, no fundo, bebendo dinheiro. Não importam as qualidades do que se bebe: importa o quanto custou. Numa curiosa inversão, quantomais caro, melhor é o custo-benefício (!): afinal, o objetivo não é pagar pouco por um produto de qualidade, mas pagar muito por um produto, qualquer que seja sua qualidade.
Nós, amantes de cervejas, frequentemente nos lamentamos pela diferença de percepção e julgamento que as pessoas ainda parecem fazer a respeito de vinhos e cervejas. Muitos consideram, ainda hoje, a cerveja como a “prima pobre” dos vinhos: mais barata (embora saibamos que nem sempre é esse o caso) e, consequentemente, menos interessante e refinada. Produto do mesmo pensamento tosco, ostentatório e simplista típico de uma cultura embasbacada com seu recente acesso ao mundo do consumo de luxo. Babaquices do Brasil do século XXI, em suma. Muitas vezes, saímos em defesa de nossas queridas cervejas, advogando que tenham o mesmo status concedido ao nobre fermentado de uvas. Questiono-me se essa paridade realmente é a melhor estratégia. Às vezes, equiparar cervejas e vinhos pode ser um tiro pela culatra: podemos absorver o melhor, mas também podemos ser presenteados com o pior da cultura enófila brasileira. E, infelizmente, esses fetiches perversos que rondam os vinhos nas festas de fim de ano em nossa sociedade consumista parecem estar também contaminando nossas cervejas.
As bièresbrut, nesse mercado de luxo que tem se tornado o segmento das cervejas ditas “especiais”, estão assumindo as características associadas ao champagne – as boas e as ruins, indistintamente. A comparação se impõe quase naturalmente: ambas as bebidas usam o mesmo método de produção, o chamado método champenoise, aprimorado pelo abade Dom Pérignon no século XVII e por Nicole Ponsardin, a célebre viúvaCliquot, no início do século XIX. Na verdade, as cervejas, em especial as da escola belga, guardam muito mais semelhanças com oschampagnes do que se poderia supor a princípio. Voltaremos a isso mais tarde. Mas o fato é que, quando surgiu em 2002 a primeira representante deste novo estilo cervejeiro, a belga Deus, ela foi apresentada imediatamente como um “champagne das cervejas”, servida inclusive na tradicional taça doschampagnes(a “flauta”). O mesmo marketing foi aplicado aos rótulos brasileiros, inclusive. Como resultado, a comparação com os champagnes se consolidou definitivamente.
Como para confirmar essa vinculação, a cerveja Deus estabeleceu um novo patamar de preços. Na Europa, a garrafa de 750ml custa em torno de € 15-20. No Brasil, como se sabe, é corriqueiro encontrá-la acima dos R$ 200, o que corresponde à faixa de preços de um champagne mais comercial, como o Moët&Chandon ou o VeuveCliquotPonsardin. Outras bièresbrut, mesmo as nacionais, normalmente ultrapassam os R$ 100, com a exceção feita à versão mais comercial da EisenbahnLust. Isso as torna vítimas fáceis daquele fetichismo e daquela inversão de preços que comentei em relação aochampagne: paradoxalmente, a Deus é uma cerveja que vende muito bem no Brasil – não apesar do seu preço, como se poderia pensar, mas justamentepor causa dele! Na estúpida lógica do quanto mais caro, melhor, esses rótulos catapultaram automaticamente as cervejas para um novo patamar dentro do mercado de luxo nacional. Os importadores e produtores têm, compreensivelmente, explorado com avidez esse novo e lucrativo nicho de mercado que se abriu para as cervejas, mas será que não existem alguns prejuízos desse tipo de inserção de mercado para um produto como uma cerveja? Não se trata de uma inserção conquistada gradativamente a partir das qualidades organolépticas e sensoriais do produto e da experiência pessoal de vários consumidores, mas de uma mera estratégia de precificação. Posicionamento superficial, frágil, sujeito a todo tipo de abalos.
Ironicamente, quem sai perdendo com todo esse fetichismo não são (apenas) os consumidores: são as próprias cervejas. Quando se paga um valor tão alto por uma garrafa, é muito difícil evitar que uma série de expectativas se coloque entre nós e o líquido dentro do nosso copo – expectativa que, às vezes,cerveja nenhuma seria capaz de cumprir. Muitas vezes, o preço é tudo o que as pessoas conseguem degustar ao tomar essas cervejas, em prejuízo de toda a riqueza sensorial que elas podem nos oferecer se estivermos receptivos. É comum ouvir relatos de apreciadores de cervejas que se decepcionaram ao beber uma Deus. Pelo preço que pagaram, “exigiam” que fosse a “melhor cerveja” que já tomaram (de acordo com aquilo que elesachamque deveria ser a “melhor cerveja”), a mais marcante, a mais impactante, demandando dela características que o estilo não pretende oferecer. Ora, asbièresbrutjamais se propuseram a ser cervejas impactantes e marcantes! Por conta do seu processo de produção, elas primam justamente pela sua delicadeza. Além disso, apesar de sabermos pelo nosso bolso que o dinheirotem uma escala quantitativa absoluta, o prazer oferecido por uma cerveja é sempre relativo. Em outros termos, embora possa perfeitamente existir “a cerveja mais cara” do mundo, não existe nem jamais existirá “a melhor cerveja” do mundo – ainda bem.
As bièresbrut, no fim das contas, acabam vitimadas pela própria faixa de preço em que se encaixam, impedidas de serem corretamente avaliadas de acordo com a sua proposta. O apreciador de cervejas que paga seu preço exige “a melhor cerveja que já bebeu” (o que é uma besteira), e o consumidor mais eclético exige que ela seja umchampagne(coisa que nunca será, pois é uma cerveja). Seus verdadeiros encantos, por isso, muitas vezes continuam secretos. Nas próximas partes deste artigo, explorarei o processo de produção dessas cervejas, falarei sobre sua proposta sensorial e finalizarei com uma comparação dos cinco rótulos disponíveis no mercado nacional: Deus Brutdes Flandres, EisenbahnLust, EisenbahnLust Prestige, MalheurBièreBrut e WälsBrut. Espero poder varrer a grossa camada de fetichismo que recobre essas cervejas para deixá-las falarem por si mesmas, sem o auxílio da etiqueta de preços, e para apreciar seu brilho delicado, próprio e radiante, escondido por baixo de tanto esnobismo.
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Chegamos então à grande questão: diante disso tudo, o que podemos esperar, sensorialmente, das bières brut? Comecemos vendo o que o processo produtivo pode nos adiantar sobre seu perfil sensorial, e depois tentemos fazer uma descrição sistematizada do estilo.
Expectativas iniciais
As bières brut não estão cadastradas em nenhum dos dois grandes guias de estilos usados por produtores e sommeliers de cerveja (o do BJCP e o da Brewer’s Association). No BJCP, elas seriam classificadas no estilo 16E (Belgian specialty ale) ou simplesmente no 18D (Belgian golden strong ale). Em parte, a pouca tradição do estilo e o número inexpressivo de rótulos justificam a ausência do estilo nos guias. Apenas o portal norte-americano Beer Advocate apresenta uma categoria à parte para o estilo, denominada “bière de champagne / bière brut”; contudo, a denominação engloba cervejas com outros perfiis sensoriais, com teor alcoólico variado, e até algumas que sequer passam pelo método champenoise! De qualquer modo, avaliando-se pelos rótulos que vemos no mercado nacional, e pelas características do processo produtivo, é possível delinear um perfil do estilo nascente, e é o que tentarei fazer aqui.
Em primeiro lugar, o estilo de base fornece a maior parte das características sensoriais que podemos esperar das bières brut. Nos exemplares típicos do estilo, a receita de base é uma tripel ou uma Belgian golden strong ale, cervejas que se caracterizam pelo alto teor alcoólico, pela relativa secura (mais acentuada nas golden strong ales) e pela enorme complexidade de aromas secundários, em especial os ésteres, os álcoois superiores e os fenóis, resultando em características frutadas, florais e de especiarias.
O método champenoise responde por algumas outras características comuns ao estilo. A fermentação na garrafa produz uma alta carbonatação e uma forte sensação frisante, comparável à dos espumantes, que contribui para tornar o corpo mais leve. A levedura de espumantes pode contribuir com uma nova camada de complexidade aromática. A longa maturação em leveduras acentua ainda mais o perfil de características frutadas e florais, além de atenuar o amargor e o aroma do lúpulo. Por fim, o fato de a cerveja ser comercializada sem as leveduras na garrafa é muito relevante: em primeiro lugar, isso a torna totalmente brilhante e transparente, aumentando sua atratividade na taça. Além disso, a sensação na boca se torna mais leve, e a sensação ao engolir é limpa e refrescante. Desaparece aquela sutil terrosidade ou rugosidade na textura das cervejas belgas e, como resultado, o gosto permanece na boca mais límpido e cristalino.
A longa maturação responde ainda por algumas características que aproximam as bières brut de cervejas envelhecidas. Em algumas degustações de bières brut, pude identificar um aroma que também se encontra também em muitas lambics (cervejas de fermentação espontânea que chegam a ser maturadas por anos antes de serem comercializadas). Há dois tipos de aromas bem típicos das lambics: os aromas animais ligados à ação das leveduras “selvagens” do gênero Brettanomyces e os aromas de oxidação. A primeira possibilidade é pouco provável no caso das bières brut (que, a princípio, não recebem leveduras selvagens), mas a segunda condiz com a longa maturação pela qual ambos os estilos passam. Trata-se de um composto químico derivado de reações de oxidação e formado durante a maturação, o benzaldeído, que tem um aroma de amêndoas cruas (não as torradas), entre o terroso e o mineral. Acredito que essa característica deva responder pela sutil “sensação de lambic” que eu percebi em algumas bières brut, mas a questão ainda segue um pouco nebulosa para mim.
Bière brut
Aroma: muito complexo, com presença significativa de ésteres frutados, remetendo a pêras, frutas cítricas, maçãs, abacaxi etc. Fenóis apimentados ou de especiarias em nível moderado. Presença moderada a sólida de um floral perfumado, remetendo a essência de rosas. Podem ser perceptíveis traços suaves a moderados de oxidação, envelhecimento e autólise, como um aroma amendoado ou toques minerais e de tabaco. Lúpulo de aroma remete a variedades nobres, mas é pouco intenso. Sem ardor ou aroma solvente, e baixo aroma de álcool. O caráter de malte é sutil.
Aparência: coloração amarela clara a dourada média, sem turbidez, com brilho e transparência intensos. Espuma de grande volume e persistência mediana, deve deixar marcas na taça.
Sabor: complexidade de sabores frutados, de álcoois superiores (florais) e fenólicos com perfil de malte secundário. Ésteres remetem a pêras, abacaxi, frutas cítricas, maçãs. Presença moderada de picância fenólica. O perfil de malte deve apresentar uma doçura suave e limpa, remetendo a mel ou pão doce. Álcoois devem ser notáveis, mas de caráter adocicado e perfumado, com aquecimento suave na garganta, sem agredir. Características de oxidação e autólise podem estar presentes, mas não devem se destacar sobre as demais. Doçura deve ser suave, assim como o amargor, com uma expressiva acidez realçada pela alta carbonatação causando uma sensação refrescante. O final é seco, mas não muito amargo.
Sensação na boca: corpo relativamente leve, bastante seco considerando-se o teor alcoólico e a gravidade original, com forte sensação de limpeza no final do gole. Não deve haver sensação terrosa e nem rugosidade, embora uma textura sutilmente cremosa ou acetinada seja desejável.
Impressão geral: uma ale forte de estilo belga com intensa complexidade aromática, corpo leve e seco e com sensação limpa e vívida.
História: surgida no início do século XX a partir do emprego de técnicas de produção de espumantes da região de Champagne.
Comentários: lembra uma Belgian golden strong ale, mas com amargor menos acentuado, maior complexidade aromática e corpo mais leve e seco. A sensação limpa e fresca é causada pela forte atenuação, pela ausência de leveduras, pela acidez e pela alta carbonatação, e deve dar uma impressão de vividez e elegância, realçando as características picantes e de especiarias. Produzidas de acordo com o método tradicional de produção de vinhos espumantes.
Discorda da descrição acima para o estilo? Deixe um comentário!
Nas próximas partes desta matéria, farei uma avaliação dos cinco rótulos do estilo disponíveis em nosso mercado brasileiro, seguida de alguns comentários comparativos. Acompanhe!
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* Alexandre Marcussi é sommelier de cervejas pelo SENAC/Doemens Akademie e historiador especializado em História Cultural. Acredita que a cerveja e a cultura se complementam deliciosamente, e põe este princípio em prática em seu blog O Cru e o Maltado.
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