Na noite quente e seca de quinta-feira, 20 de setembro de 2007, os brejeiros se reuniram no puxadinho do Mau para mais uma degustação inesquecível. Desta vez, realizamos um teste cego com 15 cervejas brasileiras.
A noite foi animada. A beberagem começou por volta de 19 horas e seguiu até quase meia-noite, acompanhada pela já tradicional mesa de quitutes seletos e animais grelhados. Registre-se também a participação imprescindível de Fabi, Pam, Cláudia e Carol, que se incumbiram de escolher e servir as brejas, mantendo o segredo exigido pela ocasião.
Os brejeiros dedicaram-se com a costumeira seriedade à árdua tarefa de avaliar tantas cervejas misteriosas. No decorrer do certame, surgiram algumas reclamações quanto à qualidade do material apreciado, mas trata-se, naturalmente, de paladares mal (bem) acostumados aos elixires estrangeiros. Houve até quem demonstrasse ligeira alteração perceptiva, mas, no geral, terminamos aptos a exercer a grande maioria das atividades humanas.
Como os resultados já são conhecidos, ater-me-ei às impressões pessoais. Tive duas decepções e várias surpresas positivas.
As que tiveram notas abaixo do esperado foram Serramalte e Brahma. Não incluo a Itaipava porque, apesar de ser uma das minhas preferidas para consumo extenso, reconheço que ela se assemelha às demais quando consumida nas circunstâncias dadas. No quesito “drunkability” ela é quase imbatível. Para comprovar essa tese, sugiro um “teste zarolho”: um grupo entorna muitas caixas de Itaipava e outro, muitas de, digamos, Bavária. No dia seguinte comparamos a disposição, a memória e a coordenação motora de ambos os grupos…
Sempre achei a Serramalte um pouco amarga demais, mas nitidamente superior à média; e a Brahma de garrafa (no caso, provamos a de lata) parece-me ótima para chafurdar em botecos. O que aconteceu com elas? Estavam chocas? A lata fez a diferença para a Brahma? Elas eram de procedência duvidosa?
Bavária, Sol e Antártica certamente surpreenderam. A primeira por motivos que fogem à minha compreensão: basta saber que é ela no copo e tudo fica fedorento, enjoativo, ressaquildo. A Sol me parecia sem graça e a Antártica, de péssima fama há tempos, havia sido banida do vocabulário cervejístico e padecia no inferno junto com a falecida Malt 90 e talvez com a própria Kaiser (que teve uma classificação merecida). Depois testamos novamente a Antártica e conviemos que as azuizinhas melhoraram muito em relação ao que eram anos atrás.
Importante salientar que a Bavária surpreendeu positivamente em dois dos três testes cegos que fizemos. No outro, modéstia à parte, saquei a maldita no primeiro gole e meti-lhe uma nota lá embaixo, para evitar qualquer milagre da contabilidade.
Proponho, portanto, um novo teste. Desta vez tomaríamos aquelas que mais desfizeram expectativas, para o bem e para o mal. E, claro, em maior quantidade (um copo cheio, pelo menos). Aproveito e já esboço uma lista: Bavária, Sol, Antártica, Serramalte, Brahma e Itaipava. Se possível todas em garrafa.
Comments
7 responses to “Surpresas e decepções no teste cego”
Ótimo Guibão ! Muito bem explicado, tudo ententido mesmo !
Aguardo novas avaliações com expectativa de orientação butequística !
Principalmente a do texte “zarolho” !!!
MIGA
Guibão matou a pau!
Seria uma degustação incluindo, ao mesmo tempo, as surpresas e as decepções. Muito interessante!
A dureza vai ser achar essas brejas de garrafa…
PREZADOS DEGUSTADORES,
ESTA BAVÁRIA DEGUSTADA ERA A PREMIUM? SE FOI, ESTÁ EXPLICADA A NOTA ALTA, PORQUE REALMENTE ELA É MUITO BOA. JÁ SE FOI A BAVÁRIA NORMAL, DIGO QUE É PÉSSIMA E MERECE UMA REAVALIAÇÃO. GRANDE ABRAÇO AOS CONFRADES,
RAFAEL, SALVADOR, BAHIA
Para voces que conhecem o Café Delirium, imagino como foi torturante esse teste.
Mas até que de cervejas nacionais, a Brahma Extra Long Neck, pois as de 600 ml e em lata são horríveis , Serramalte e Bavária Long Neck se salvam, quero dizer não são aguadas.
Mas um fato é certo depois que se degusta CERVEJAS de nível, logo percebe-se a superioridade sobres essas “cervejas”.
E para piorar há quem tome essas citadas bem geladas!!
Um abraço,
Wagner.
Rafael,
Foram degustadas apenas cervejas “normais”. As chamadas Premium ficaram pra outra degustação a ser realizada em breve.
Por isso é que também ficamos surpresos, como todo mundo.
Mas acho que ela tem de ser reavaliada sim, ótima sugestão.
Um abraço.
MAU
Wagner,
Nós, do BREJAS, estamos acostumados a experimentar (e avaliar) de tudo, sejam cervejas boas ou nem tanto.
Em comparação com as grandes cervejas, sobretudo as belgas, claro que o mercado brasileiro ainda tem muito a aprender, assim como nós.
É justamente essa a razão de ser de BREJAS: Estimular no público brasileiro o senso crítico com relação a cervejas.
Um abraço,
MAU
sou de bh/mg..por aqui quem manda na minha humilde opiniao e a brahma..