Foi uma avalanche de informações. Durante dias, o único assunto possível do acordar ao recolher era cerveja.
Conforme anunciei neste post, estive semana passada em Chicago (EUA), aluno que fui do Programa de Mestrado em Estilos de Cerveja e Avaliação do Siebel Institute of Technology, secular instituição de ensino cervejeiro componente da World Brewing Academy. Pude constatar ali, na carne e no crânio, o nível de seriedade que a academia devota na formação de profissionais do nobre líquido.
Fui o único estrangeiro de uma turma de americanos, todos de alguma forma ligados à cerveja. A maioria era de profissionais proprietários ou técnicos de cervejarias artesanais americanas, embora houvesse pelo menos um aluno egresso de uma gigante global do setor. Nos bancos do Siebel, porém, éramos todos estudantes ávidos por compartilhar um pouco da sabedoria e experiência de mestres do calibre de Randy Mosher e Ray Daniels. E não nos decepcionamos.
O estilo Siebel de ensino é implacável. O programa diário é pétreo, e a disciplina é impressionante. Sabíamos de antemão em qual hora do dia seria abordado cada assunto. Por dias a fio, as aulas começavam exatemente às nove da manhã, só terminando ao esconder do sol lá fora, com uma hora de intervalo para almoço no brewpub da Goose Island Brewery logo em frente — sobre o qual falo noutra postagem.
A forma pela qual o programa é transmitido, porém, é um capítulo à parte. Abordávamos cada estilo de cerveja em sua absoluta universalidade. Degustávamos in natura os maltes e lúpulos mais comuns de cada um deles antes mesmo de iniciar o assunto (e fatalmente brincávamos entre nós que o nosso breakfast era malte cervejeiro…). Daí, desfilavam diante de nós os aspectos físico-químicos e técnicos da cerveja (gravidades iniciais e finais, IBU e outros dados), para só então abordarmos as características organolépticas e a história de cada tipo de cerveja. A imensa variedade de rótulos do mundo todo disponíveis no mercado americano fez das degustações dos rótulos mais representativos de cada estilo o jardim das delícias terrenas desse escriba.
Há muito mais a contar sobre o curso de Mestre em Estilos de Cerveja e Avaliações que cumpri em Chicago, e o farei daqui por diante, sempre que tiver oportunidade. Contudo, o mais importante é a imensa carga de conhecimento que adquiri sobre cerveja, a confirmar sua nobreza e história. Muito mais valoroso que o diploma que ganhei está esse conhecimento, que usarei a favor da divulgação da boa cultura cervejeira. Mais do que nunca cresce em mim a consciência da necessidade de difusão da noção de respeito à cerveja como bebida universal e histórica, do estímulo ao consumo responsável e, sobretudo, de combate à sistemática e perniciosa marginalização da bebida que se enraizou durante décadas neste país. Há muito trabalho a realizar!
Meu muito obrigado a todos os que torceram por mim, seja me enviando e-mails e mensagens de estimulo, me telefonando, vindo falar comigo no Bar Brejas ou mesmo pensando positivamente, em silêncio. Convido-os todos a arregaçar as mangas e juntar-se a mim nesse beer-evangelismo diário!
A seguir, algumas imagens que fiz durante as aulas:
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