Estava este escriba visitando o Peculier Pub, em Nova York, quando mandei descer a lupuladíssima breja Victory Hop Devil Ale, a qual tem um diabinho feito de lúpulo no rótulo. Assim que a cerveja aterrisou na mesa, um sujeito que estava no balcão do pub dirigiu-se à jukebox, enfiou uma moeda e, lá de dentro, Mick Jagger começou a entoar os satânicos versos:
Por favor permita apresentar-me, sou um cara de riquezas e gostos / Estive por aí por muitos anos, roubei muito a alma e a fé dos homens / Prazer em conhecê-lo, espero que você adivinhe meu nome
Mesmo com a tradução aproximada, quem é roqueiro mata logo a charada: Trata-se da canção Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones (clique aqui para ouvir e dar um clima mais legal para continuar a ler este post). “Apenas me chame de Lúcifer”, cantava Jagger, enquanto eu olhava pro diabrete do rótulo da Hop Devil.
Nunca levei o demônio muito a sério, mas confesso que a inusitada coincidência do momento fez com que a harmonização sonora, além de perfeita, tomasse um ar misteriosamente intrigante. Vade retro, coisa ruim!
E são as harmonizações sonoras — ou HarmonizaSOM — que fazem o barato do Clubier – O Clube dos Cervejeiros, blog criado pelos publicitários curitibanos Sulivan Cruz e Emersom Morruga. A proposta, divertidíssima, é harmonizar cerveja com música.
Pode tudo. Tem La Trappe Quadrupel com Pink Floyd, Zé Ramalho com Coopers Sparkling Ale, Devassa Ruiva com Amy Winehouse, Led Zeppelin com Colorado Índica — talvez a harmonizaSOM mais bacana, com a hipnótica Kashmir embalando “indianamente” a breja — Kilkenny com AC/DC. É a confirmação da velha máxima de que cerveja combina com tudo, até mesmo com o cramunhão.
Cruz e Morruga se reunem semanalmente para degustar cervejas e bolar as harmonizaSOM´s, além de também serem cervejeiros caseiros. O Clubier, além dos baratos acústico-cervejeiros, traz matérias gerais sobre o mundo das brejas, como curiosidades, sugestões de harmonizações (com comida também!), vídeos e notícias.
Tudo tratado de um jeito leve e alegre, sem cervochatice ou afetação, provando que degustar cerveja é, antes de tudo, uma grande diversão.
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