Artigo exclusivo para o BREJAS, por James Thompson*
Depois de alguns anos sem lúpulos suficientes para atender a demanda, os produtores norte-americanos estão respondendo ao pedido do mercado. E os cervejeiros que tiveram a oportunidade de ver, in loco, a safra deste ano, como Alfredo Ferreira, do Grupo Schincariol, provavelmente concordariam com isto. Olhando a colheita de uma produção de lúpulo no estado norte-americano de Oregon, Ferreira disse: “O aumento dos preços dos últimos anos fez com que os produtores americanos investissem novamente no plantio de lúpulo, resultando em uma safra muito boa este ano.”
Ann George, administradora da Comissão de Lúpulo do Estado de Washington, disse que os produtores de lúpulo, no noroeste norte-americano, aumentaram de forma significativa a área plantada, respondendo à falta mundial de lúpulo em 2007. Mas, ao mesmo tempo, a recessão mundial tem causado uma queda no consumo de cerveja. Como resultado, disse ela, “haverá muito lúpulo disponível este ano e a qualidade parece muito boa.”
Três quartos da safra norte-americana de lúpulo é produzida no estado de Washington, calculada em 28,8 milhões de quilos no ano passado. As estatísticas deste ano não sairão até janeiro, mas, a safra está estimada a ser bem maior devido a uma produtividade excelente.
Ferreira, cuja companhia é a segunda maior no ranking de cervejarias no Brasil, com produção de 17 milhões de hectolitros em 2008, disse que está satisfeito em ver uma safra norte-americana grande neste ano. A Schincariol compra lúpulo da Europa e dos Estados Unidos. Além das marcas Schincariol, a companhia também produz as microbrews Baden Baden, Devassa e Eisenbahn.
E nós precisamos, mesmo, de lúpulo, tendo acabado de ultrapassar a Alemanha como o terceiro consumidor mundial de cerveja (93,3 milhões de hectolitros,) de acordo com a Euromonitor. Isto tem signicado grandes importações de lúpulo . No primeiro semestre deste ano o Brasil importou 270.000 kg de pellets de lúpulo e 206.000 kg de extrato de lúpulo da Europa, enquanto importou 570,000 kg de pellets de lúpulo e extrato dos EUA
“Muitas plantas produzem bem no Brasil,” disse Michael Schadler, da USA Hops, uma organização sem fins lucrativos que representa os agricultores que produzem lúpulo nos Estados Unidos, “mas não o lúpulo. Ele precisa de latitudes mais ao norte e mais ao sul, porque necessita de várias horas de luz, por dia, no verão. Ele simplesmente não consegue produzir muitos cones se não tiver um número extrordinário de horas de luz no verão”.
“Mas, está bom para os cervejeiros brasileiros,” ele acrescenta, “pois o Brasil compra o lúpulo norte-americano e agrega valor a ele na produção da cerveja. A cerveja brasileira, por sua vez, gera empregos e renda do exterior”.
Alfredo Ferreira, da Schincariol, mestre cervejeiro formado na Alemanha, caminhando entre as treliças de lúpulo que sustentam as altas heras, cuja taxa de crescimento diária pode chegar a 30 cm por dia, disse: “Gostei bastante da organização dos produtores de lúpulo junto à associação dos plantadores, e também das parcerias que os mesmos possuem com as universidades e centros de pesquisa. É notável também os investimentos em equipamentos agrícolas voltados para o plantio e colheita de grandes fazendas focadas em lúpulo“
Na verdade, as fazendas norte-americanas podem ser bem grandes. A fazenda de lúpulo, aqui nos EUA, tem o tamanho médio de 240 hectares, enquanto a fazenda de lúpulo média, na Alemanha é de aproximadamente 12 hectares — apesar de os dois países plantarem, aproximadamente, a mesma área total de lúpulo. “Isto dá às 60 ou mais famílias que produzem lúpulo norte-americano mais flexibilidade para atenderem a demanda de qualquer lugar, ou reagir rapidamente aos sinais do mercado. Nós vimos isto nos EUA em ambas as safras de 2008 e 2009, com grande produção seguindo à falta severa que se deu em 2007 e 2008,” disse Schadler.
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* James Thompson é o representante no Brasil da USA Hops, e acabou de retornar da região produtora de lúpulo norte-americano. Seus artigos têm sido publicados nas revistas Latin Trade, The Saint Louis Post-Dispatch, Soybean Digest e ABEF. A partir de agora, escreverá também para o BREJAS, com artigos exclusivos.
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