Fazer IPA de qualidade no Brasil pode resultar em vários desfechos: sucesso e holofotes são alguns deles. Neste sentido, a cena nacional começou a experimentar uma considerável elevação da “nota de corte” para o estilo há alguns pares de meses com o lançamento da ovacionada Dogma Rizoma.
E a coisa não parou por aí. Felizmente. Mas antes de continuarmos, vamos só pincelar como era o mercado de IPAs no Brasil antes do fator Rizoma. Com exceção de um punhado de nacionais como as Seasons (Green Cow e Holy Cow #2 especialmente), Bodebrown Cacau IPA, Tupiniquim Polimango e outras Dogmas como Touro Sentado e Hop Lover, se você quisesse beber uma IPA mais interessante, obrigatoriamente teria que partir para uma importada (como Ballast Point Sculpin, Dieu Du Ciel Moralité, Amager Todd e algumas outras) e torcer para que esta estivesse em boas condições após uma verdadeira cruzada que é o processo de importação de cervejas para o BR.
Voltemos então ao fator Rizoma. O que ela trouxe de novidade para ter representado um divisor de águas? Bem, basicamente ela apresentou aos brasileiros um pouco das características entregues pelas tão aclamadas NE IPA. Ou seja: frescor agressivo, lupulagem de aroma sem miséria, amargor limpo, no harsh at all, não pasteurizada, não filtrada e caramelo zero. Com esse conjunto e com a carência do nosso mercado, ela simplesmente roubou a cena.
A Dogma continuou no caminho desbravado pela Rizoma e lançou em seguida duas receitas de DIPA single hop: Citra e Mosaic Lover. E novamente não desapontaram. Mas aí você deve está se perguntando: só a Dogma que tem feito IPA com tal proposta? Felizmente não. Recentemente os cariocas da Hocus Pocus lançaram a primeira NE IPA de fato no Brasil: a Overdrive. Ela foi a primeira a usar a levedura específica desse “estilo” que nasceu em Vermont, nos EUA. Mas ainda é muito pouco para um mercado em expansão como o nosso.
Além das explosões de aromas e sabores, o que mais esses latões têm em comum? Os seus altos preços. Infelizmente. Chegando facilmente a R$ 40,00 uma lata com 473ml. O preço talvez seja justificado pela qualidade e quantidade de insumos utilizados na receita (principalmente lúpulos de aroma) e outros fatores como nosso sistema tributário perverso e margens dos pontos de venda.
Para finalizar, provavelmente você questione: e custando tudo isso, essas brejas não encalham? Resposta: de forma alguma. Elas costumam esgotar assim que chegam às geladeiras dos PDVs. Demonstrando com isso que o Brasil tem sim um público sedento por IPA high end. Aí deixo mais uma pergunta: e qual será a próxima cervejaria nacional a se juntar à Dogma e Hocus Pocus neste exclusivo clube?
FiL CruX
Beer Sommelier e consultor ávido por cervejas *A+* . É também um apreciador de música extrema e colecionador de miniatura de carros da PSA.
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