Quanto vale a sua cerveja?

vivrewals

Artigo redigido pelo autor convidado Alencar Barbosa*. As opiniões nele contidas não expressam, necessariamente, as posições do BREJAS

Algumas pessoas, principalmente bebedores iniciantes, tendem a enxergar o preço das cervejas como um valor absoluto. Para essas pessoas, o fato do preço ser um número com três algarismos faz com que a cerveja seja automaticamente demonizada. Mas será que tem que ser assim?

Não existe a melhor cerveja do mundo porque cerveja é algo subjetivo! Se a cerveja é subjetiva, seu preço também é. Como mineiro apaixonado pelas coisas da minha terra, apresento minha defesa com duas produções bastante elogiadas no último ano, feitas aqui no nosso quintal.

Todo mundo já conhece a primeira história: Dois irmãos sentados à mesa bebendo cerveja. Um desafia o outro a fazer uma cerveja e o desafio é aceito. Uma viagem para a Europa, um ano de pesquisa e uma inovação: a primeira cerveja Brut produzida 100% dentro dos limites de uma cervejaria! Um acabamento impecável, garrafa de champagne, rolha, caixa… Antes de calcular quanto vale essa cerveja, pense em quanto investimento foi necessário para que ela pudesse ser disponibilizada no mercado. E então, quanto vale essa cerveja?

Não sei quantos conhecem a segunda história: Três irmãos produzem a primeira trippel do Brasil. Por um golpe de azar (ou de maior sorte), um lote dessa cerveja é avaliada como não apta para o mercado. Para não perder uma produção inteira, eles reservam a cerveja e iniciam uma pesquisa que dura meses. Inovam, colocam jabuticaba e fazem uma das cervejas mais surpreendentes que já tive o prazer de experimentar. Acabamento impecável, preferência em usar um ingrediente da nossa terra ao invés de seguir um padrão europeu, história, bagagem cervejeira. Ouvi por aí que, até ser finalizada, esta cerveja ficou em guarda na cervejaria por incríveis dois anos! Antes de calcular quanto vale essa cerveja, pense em quantos litros poderiam ter sido produzidos e vendidos, dando giro à produção de uma micro-cervejaria que precisa vender para sobreviver. E então, quanto vale essa cerveja?

Eu não hesitaria em pagar os valores sugeridos pelos fabricantes, Wäls e Falke Bier, em uma garrafa da Wäls Brut ou Falke Vivre Pour Vivre. Essas são apenas duas histórias, as mais próximas que eu conheço, e vou omitir o preço das cervejas neste post de propósito. Preço é subjetivo.

Veja bem, não se trata de comprar porque é chique! Se você identificar valor agregado ao produto que está namorando na prateleira, porque não comprar? O recado de hoje é comprar de maneira consciente para não incorrer no erro da foto abaixo… Afinal, nem tudo que é mais caro tem mais qualidade!

OriginaleHeineken

*Alencar Barbosa é o cervejeiro da microcervejaria Küd Bier, de Belo Horizonte (MG), de cujo website o artigo acima foi extraído.


Comments

4 responses to “Quanto vale a sua cerveja?”

  1. Ricardo Soares Avatar
    Ricardo Soares

    Artigo muito pertinente.

    Realmente, há muitas formas de se agregar valor a um produto (neste caso, uma cerveja). Essa noção de valor pode advir de estratégia de marketing, ou, efetivamente, da qualidade do produto e do modo com o qual foi produzido.

    Porém, é interessante que, no caso da foto, o valor agregado da cerveja “Original” vem de um terceiro fator: cultural.

    Basta raciocinar que essa breja da Ambev não passa de uma “Standard American Lager”, cheia de adjuntos e química, sem nada a acrescentar, tampouco sendo objeto de forte publicidade por parte da cervejaria (cujo marketing é mais focado na Brahma e Skol).

    Do outro lado, a Heineken é uma lager realmente “Premium”, feita de puro malte, devidamente lupulada e sem aditivos químicos, ao passo em que sua publicidade é fortíssima no mundo inteiro.

    Por que, então, o povo paga mais numa Original do que numa Heineken? Em razão de uma certa cultura de boteco. Explica-se: o brasileiro comum, torcedor do Timão e botequeiro de plantão, tem a cerveja Original como rainha do Boteco, sendo ela a melhor do mundo, especialmente quando ingerida estupidamente gelada. Tal noção, em seu meio sócio-econômico e cultural faz sentido.

    Nesse caso, o conceito da Heineken não lhe afeta.

    Primeiro, porque ele bebe sua cerveja tão gelada, que não poderia notar a diferença de qualidade.

    Segundo, porque, caso perceba aquele gostinho amargo e lupulado da marca holandesa da Femsa, será algo que lhe causará estranheza.

    E terceiro, pois o marketing da garrafinha verde não lhe atinge, até porque ele não assiste à UEFA Champions League, mas, sim, aos jogos do “Curintia”.

    Muitas vezes o valor é agregado simplesmente em função de um rótulo bonito e a promessa de utilização de água das montanhas. É algo que me vem à cabeça, sempre que eu vejo alguém comprando uma Therezópolis a R$8,00 ou R$10,00. Dentro do mesmo estilo, na mesma gondôla e com o mesmo preço, esse cidadão poderia adquirir uma bela lager alemã (Hofbrau, por ex.) ou uma artesanal regional de qualidade (como uma Colorado Cauim).

    Enfim, do mesmo modo que existe a cultura de boteco (na qual Original é cerveja trappista, amendoim japonês é harmonização perfeita e temperatura ideal de serviço é a -1Cº), nós deveríamos, realmente, incentivar essa cultura da “verdadeira cerveja”, ou poderíamos chamá-la de “cultura de Pub”.

    Nessa “cultura de Pub” o marketing é sim presente, não há como negar (basta imaginar o mito que envolve uma Guinness). Porém, os seus seguidores nunca perdem de vista a real qualidade e história daquilo que bebem.

    Lembremos também daquele mote: “support your local brewer”. Não sei o preço dessa “Wäls” Brut, mas imagino que seja equivalente a uma DeuS belga.

    E aí, com qual celebrarei meu reveillon?

    Meu conselho: tente “patrocinar” o cervejeiro brasileiro, o qual, aos trancos e barrancos, está tentando criar uma verdadeira cultura/escola cervejeira brasileira.

    E lembrem-se: quando se compra uma breja importada, a carga tributária é relativamente maior. Em outras palavras: uma parcela maior do nosso dinheiro vai para os bolsos da Dilma.

    Ah, mais uma coisa: a cultura de boteco jamais irá acabar, para a alegria da Ambev, haja vista que ela é decorrente de fatores sócio-econômicos.

    Afinal, seria plausível que um típico trabalhador assalariado brasileiro, ao final de árduo dia de labor, entre num pub, e pague R$19,00 num pint de Guinness ou numa breja artesanal?

  2. Paulo Azevedo Avatar
    Paulo Azevedo

    Como cervejeiro iniciante não me amedronto com o preço de uma cerveja “especial” como as duas citadas neste artigo, tampouco, com cervejas importadas mais famosas, nem por isso melhores ou piores, como Deus, etc… Ainda não me permiti adquirir tais brejas pelo simples medo de esperdiçar este dinheiro por não teer a experiência ou os parâmetros necessários para apreciá-las e avalia-las…O que estou tentando fazer é conhecer aos poucos as diversas escolas e tipos de cerveja para, depois de conhecer cervejas típicas e com custo menores de uma determinada escola, possa sim apreciar devidamente uma cerceja como a Walls Brut ou as Falke Vivre pour Vivre… Mas que a mão coça para compra-las rapidamente coça…

  3. rafael de souza Avatar
    rafael de souza

    nao ligo de gastar um pouco a mais por uma cerveja ou um pouco a menos…procuro ver comentarios de quem ja degustou a tal… se encaixar no perfil do meu paladar faço a compra…ou ate mesmo por ser uma novidade fico curioso por experimentar…procuro sempre rotulos diferentes independente de valores…acredito eu q nao existe a melhor cerveja do mundo varia muito de paladar para paladar…agora nao condeno tbm quem consome as nossas populares brasileiras cada um tem sua opiniao ainda mais o mercado cervejeiro no brasil em relaçao as cervejas especiais e jovem ainda… porem promissor talvez o costume brasileiro das denominadas cervejas populares vem aos pequenos passos se lapidando faça uma pesquisa na internet e veja a grandiosidade de lojas especializadas em cervejas especiais as cartas de nossos bares vem mudando tbm…nos brasileiros estamos mudando nossos paladares em relaçao a cervejas…microcervejarias que prezam a qulidade da cerveja artesanal ou seja especial vem se destacando mundo a fora ganhando premios importantes no mundo cervejeiro houve tabem um crecimento maior das mesmas…agora falando da minha pessoa naquele anuncio acima concerteza compraria a heineken rsrsrsrs…

  4. rafael de souza Avatar
    rafael de souza

    a proposito sou corinthiano rsrsrsrs oque vale e brincar…

Leave a Reply