Teve Confrade brejeiro que “matou” a tia-avó de quinto grau só pra ter motivo pra não aparecer à degustação. Houve choro, ranger de dentes e muxoxos generalizados. Mas tudo pela ciência: Na semana passada BREJAS fez uma degustação comparativa de oito rótulos das cervejas sem álcool disponíveis nas gôndolas dos supermercados do país, as quais tiveram um crescimento considerável nas vendas a reboque da chamada Lei Seca.
Pra início de conversa, o “sem álcool” dos rótulos é, muitas vezes, balela (neste teste, apenas Liber e Warsteiner disseram em seus rótulos ser totalmente sem álcool). A maioria das brejas possui até 0,37% de teor alcoólico a cada 100 gramas. Tais cervejas se enquadram no Decreto nº 2.314/97 do Ministério da Agricultura, que regula a matéria, mas sugerimos muita atenção se você estiver ingerindo algum medicamento de uso contínuo ou quer escapar ileso da blitz dos tiras.
Outra questão a considerar, e essa de caráter meramente degustativo, é que a esmagadora maioria das cervejas “sem álcool” possui um gosto pronunciado — e desagradável — de mosto cervejeiro, uma vez que a principal técnica de produção em cervejas do estilo é a interrupção da fermentação em um determinado ponto, antes que a levedura produza maiores quantidades alcoólicas. Entre caretas e expressões de enjôo, vamos às avaliações e notas das brejas:
- CRYSTAL SEM ÁLCOOL – Clara e com pouco creme. Provoca uma sensação viva na boca, refrescante, mas enjoa logo. Milho e outros cereais não-malteados no sabor. Aroma doce. Sem lúpulo perceptível, a cerveja é desequilibrada no conjunto. No Ranking BREJAS ficou com a nota 1,20.
- KRONENBIER – Até que surpreendeu. Aroma lupulado mas com toques sulfídricos (ovo), e o sabor é amargo. Carbonatação média, deixa uma sensação de refrescância na boca. No conjunto, transmitiu a impressão bem próxima de uma uma cerveja de verdade, merecendo alguns pontos por isso. Leva nota 1,50.
- NOVA SCHIN SEM ÁLCOOL – Sabe aquela sopa que se toma quando está de regime? Com abóbora, repolho e chuchu? Esse é o sabor desta breja, doce como doce de batata doce (aqueles com forma de coração). Brincadeiras à parte, notamos muito cereal não-malteado. Seu creme é bonito, branco e denso. Mas ela é doce demais, com final levemente amargo e nada de lúpulo. Nota 1,27.
- BAVARIA SEM ÁLCOOL – Quase sem creme. Fraco aroma de ferrugem. O sabor também é extremamente fraco, quase inexistente. Uma cerveja que entra em campo pra não jogar. Alguns de nós sentiram levíssima sugestão de cereais não-malteados, com retrogosto de xarope de criança. Por W.O., fica com a nota 1,10.
- WARSTEINER PREMIUM FRESH – Desequilibrada, com excessiva presença de mosto de malte. Na degustação com os confrades, encontramos até doce de batata doce no sabor. Nada de lúpulo para quebrar um pouco os excessos. O final é levemente salgado. Nota 1,10.
- ITAIPAVA SEM ÁLCOOL – O creme é bonito e duradouro, com bolhas pequenas. Mas as boas notícias páram por aí. No aroma e no paladar, é bastante desagradável. Melhor parar por aqui e dar a nota 0,90.
- LIBER – A única que apresenta creme denso e de pouca duração. Tem um sabor leve e estranho de fruta passada parecido com fruta do conde (ou, para alguns de nós, de piña colada). Seu aroma é cítrico e sem lúpulo. Percebe-se um malte, mas de uma maneira pouco agradável. Leva nota 0,85, a menor do comparativo.
- ERDINGER WEISSBIER ALKOHOLFREI – Bom creme denso e consistente. Aroma de malte, assim como o sabor, aliado a um amargor que equilibra bem o conjunto. Suave, sem retrogosto pesado. Faltam o lúpulo e principalmente o trigo, que seria de se esperar de cervejas do estilo, mas foi a breja que mais agradou (ou, melhor dizendo, a que menos desagradou) os Confrades do BREJAS, obtendo a nota 1,67, a maior do teste.
Ufa! Essa é para o mundo reconhecer os sacrifícios que fazemos em prol dos leitores do BREJAS! Agora que o trabalho sujo está feito, é a sua vez de comentar à vontade.
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