As cervejas do Brasil – uma visão americana. Parte 2/3

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Jon George (foto) tem 26 anos e mora em Villa Park, uma pequena cidade no sudeste de Los Angeles. Já degustou mais de 1.700 cervejas, incluindo diversas brasileiras e outras célebres cervejas de todo o mundo. Formou-se em geografia em 2009 e viajar é a melhor maneira que achou de combinar essas duas paixões. O texto abaixo, o segundo de uma série de três (leia o primeiro) foi mantido com os erros de português comuns de um estrangeiro.

Quando eu retornei para a Califórnia da minha primeira viagem ao Brasil, eu sabia que eu queria voltar ao Brasil para uma outra visita. Já experimentei um churrasco autêntico, cenas do Rio Grande do Sul e São Paulo, clubes na praia e, claro, cerveja brasileira. Ainda assim, eu tinha o desejo de continuar a exploração das características únicas do país. É claro, uma delas foi a cerveja. O meu plano principal era ficar com Tomas, meu amigo Gaúcho, por mais de uma semana, buscar por mais cervejas brasileiras e viajar para o Rio de Janeiro depois, pois eu nunca tinha visitado a cidade. Com certeza, Rio me daria a oportunidade de explorar a cena de cerveja por lá. A data: final de novembro a início de dezembro de 2009.

Presentes e mais presentes

Como Tomas já sabia, sou um amante de cerveja. Para fazer a segunda visita mais divertida, eu decidi ir “all-out”. Eu agressivamente fiz minha bagagem e, de alguma forma, ponho 25 garrafas de cerveja americana para amigos e amantes de cerveja que encontro. Depois de um longo voo que incluiu paradas em Atlanta e Rio de Janeiro, estava “déjà vu” no aeroporto de Porto Alegre. Tomas me encontrou e, quase imediatamente, pegamos o carro para Costi Bebidas, onde eu fiz uma compra de 200 reais em cervejas brasileiras, incluindo uma garrafa da misteriosa Eisenbahn Lust Prestige. Ao contrário da última vez, levamos o carro de volta para sua casa em São Leopoldo, onde pusemos nossa carga de cerveja.

O plano entre as brasileiras foi simples, experimente e beba! Novas marcas pra mim como Mistura Clássica, Whitehead, e Rasen Bier foram surgindo. O meu plano com as americanas foi bem diferente. Já tinha conhecido alguns gaúchos e eu queria mostrar o meu apreço pela hospitalidade deles na minha primeira visita. Um grande amigo de Tomas ganhou uma Longboard Lager por um presente que ele me deu: o “macaco sagrado”, um macaco brinquedo que ganhou um seguinte entre seus amigos. O proprietário (e amigo) de uma churrascaria foi prometido várias garrafas que seriam compartilhados durante um jantar antes de ter partido na primeira viagem, devido a maneira amiga como ele me tratou. A memória de destaque do Bierkeller me incentivou os presentes de algumas cervejas especiais para eles. E as outras, bebemos.

Bierkeller novamente

O auge do Rio Grande do Sul aconteceu num bar que já ocupava um lugar especial no meu coração. Com o meu amor pelo Bierkeller, eu sabia que uma segunda visita era uma ordem. Com meus presentes em mãos, dei-os para um membro da família que gerenciava o Bierkeller, e me dirigi à geladeira para escolher a minha cerveja. Tomas e eu começamos com uma garrafa da A Dama do Lago com um ano de guarda, o primeiro do Concurso Mestre Cervejeiro, e estava uma delícia. Em seguida foi a Wäls Quadruppel. O idéia de uma quadrupel maturada em carvalho de cachaça foi um ideia que eu esperaria de uma cervejaria americana. O resultado foi sensacional! Na sequência, fomos abordados por Victor, o proprietário do Bierkeller. Depois de uma conversa rápida sobre minha nacionalidade e amor para cervejas, ele rapidamente trouxe uma garrafa da Falke Monasterium, uma cerveja que eu estava ansioso para experimentar, mas com medo do preço relativamente elevado. Adorável. Tão linda, eu esqueci que eu estaria pagando R$ 80 pela garrafa. E, finalmente, fomos com a garrafa The Abyss que eu trouxe. Pela Deschutes, uma densa imperial stout com 33% maturada em carvalho, Victor admitiu que “colocou-o de joelhos, uma cerveja de sobremesa, uma cerveja que combinaria bem com um charuto”.

Mais uma vez no Rio

Rio de Janeiro revelou-se menos sobre a cerveja e muito mais vendo os pontos turísticos da cidade maravilhosa. Ainda assim, houve alguns momentos de cerveja. O destaque envolveu um passeio de ônibus para a Barra da Tijuca a partir de Copacabana, a Città America. A Città America tem uma loja de brinquedos para os amantes de cerveja, chamado Beertaste, que estava vazio de pessoas, mas cheio de personalidade, especialmente o cara cuidando do lugar. Até a barreira da língua entre nós dois não foi suficiente para deixar de expressar o tanto que amamos cerveja. Ele até me mostrou sua coleção especial de garrafas, que incluiu Cuvee Van de Keizer (safra 2001), Westvlteren 8 e até mesmo Utopias. Após beber as excelentes Wäls Pilsen e Falke Ouro Preto, ele me deu as duas primeiras edições da revista Beer. Eu não sabia como demonstrar a minha gratidão pra ele, como eu não tinha nada comigo naquela hora. E sim, também visitei a Devassa duas vezes.

Diferentes culturas com a cerveja do dia-a-dia

Uma coisa significante revelou-se durante minha viagem; como é diferente a cultura da cerveja nos os dois países. Não necessariamente sobre cervejas especiais, mas mais sobre etiqueta e aceitabilidade da bebida em geral, em dado contexto social. Nos Estados Unidos, beber cerveja depois de jogar futebol seria visto como estranho. Mas no Brasil, sempre foi visto como normal. Parar em uma esquina espontaneamente para uma cerveja, seja num boteco ou de um vendedor de rua, era comum. Nos Estados Unidos, este tipo de comportamento levaria as pessoas a pensar que você era um alcoólatra! Até no topo do turístico Pão de Açúcar, cerveja era vendida! Eu também aprendi no Bierkeller que algumas pessoas gostam de acrescentar o que parece ser um xarope doce marrom em uma cerveja pilsen. Eu testemunhei como cinco gotas de xarope transformaram a Slava Pils de claro para escuro, dando a cerveja um sabor muito doce, como um malzbier.

Seria o fim?

Eu ganhei muito mais do que cerveja na minha viagem, recebi muita saudade, muita hospitalidade, e uma melhor compreensão da cultura brasileira. Eu pensei que eu tinha experimentado tudo o que eu precisava. Tudo sem saber que uma terceira viagem ao Brasil iria ocorrer em menos de um ano depois. Uma viagem que daria muito mais do que eu poderia sonhar.

Por Jon George, um americano apaixonado pelo Brasil e pelas cervejas brasileiras


Comments

3 responses to “As cervejas do Brasil – uma visão americana. Parte 2/3”

  1. Milu Lessa Avatar
    Milu Lessa

    Esse gringo escreve melhor que muita, mas muita gente que eu conheço. Aprendeu tudo isso de vocabulário e conjugação de verbos em 2 anos apenas? Pois eu juro que parece até brasileiro escrevendo, acerta até verbos irregulares. Most impressive, young skywalker! rs

  2. Jonathan George Avatar
    Jonathan George

    Na verdade, usei meu dictionario por alguns de vocabulario. Escrevi minhas ideias primeria em ingles, e depois traduzido pra portugues. Foi um dor no cu porque meu portugues é limitado. It’s getting better, but I still have some learning to do. Glad you liked it Milu!

  3. João Hulsen Avatar
    João Hulsen

    Muito boa história Jonathan!

    No Brasil tem muita cerveja boa, muita… só que não são fácilmente encontradas em bares, e quando são, estão em preços bem elevados…

    Aqui, por causa dos impostos, as cervejas nacionais saem no preço da maioria das importadas… esse é o grande problema!

    Uma chimay na bélgica é vendida por 2 euros…
    Uma Brasileira do mesmo estilo aqui não sai por menos de 15 reais…

    Se chegassemos em um bar, e uma colorado indica fosse 6 reais uma garrafa… juro que só beberia isso…

    Obs: “Dor no Cu” its not like “Pain in the ass” hauhuahah you can say “Pau no cu” ou melhor…. “Merda” = “Shit”

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