O brilhante texto que reproduzimos abaixo (com autorização do autor) foi redigido pelo Rodrigo Tozzi, do excelente blog cervejeiro Hummmm, Cerveja!!!!!, que vale a visita. Resume um pouco da “filosofia” do blog do Rodrigo, bem como a do BREJAS.
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Sobre Cruzadas, Catecismo e Fundamentalismo
Li num fórum cervejeiro (me desculpem, mas não consigo me lembrar qual é o fórum), a idéia do Beerevangelism, ou Evangelismo cervejeiro. O conceito é bem interessante. E comecei a pensar: quem gosta ou tem interesse em cervejas não se contenta em só beber tranquilamente as boas cervejas, mas tem essa necessidade de compartilhar a paixão (talvez por isso a grande quantidade de blogs sobre o assunto), e quem sabe, salvar a alma daqueles “torcedores de rótulos” (ótima expressão!!! Valeu pessoal do BREJAS), como verdadeiros “evangelistas” da cerveja. Quem nunca fez isso?? Aliás, devemos nos importar com o que as pessoas bebem??
Pensei em 3 motivos para fazermos essa espécie de “doutrinamento”:
1. instintivamente, achamos que ao fazer isso, as pessoas vão parar de tomar as cervejas das grandes empresas, os bares vão parar de vender essas cervejas e, conseqüentemente, aquela artesanal feita no quintal de uma casa no centro de Manaus, ou aquela nossa pale ale que tanto adoramos vão passar a ser vendidas em todos os lugares.
2. altruísmo. Nós sabemos que a grande maioria das artesanais e das importadas são de altíssima qualidade, então porque não recomendar essa cerveja para alguém???
3. o terceiro motivo que pensei é naqueles casos em que você pensa “opa… conheço isso…”, e profere uma palestra como se fosse um professor. Não gosto muito de pessoas exibicionistas.
Convenhamos que o motivo número 1 seja um tanto quanto utópico, não acham? 3º hipótese?? motivo errado (pelo menos pra mim). Qual o problema daquele que bebe uma Kaiser, por exemplo, estupidamente congelada?? Não é crime isso. Sem contar que é um saco alguém nos atrapalhar quando queremos beber nossa cerveja preferida quando estamos nos divertindo.
Digamos que move você é a hipótese número 2, ou seja, recomendar uma boa cerveja para alguém, ensinar o “caminho das pedras” das boas cervejas. Isso pode ser assim tão ruim? Sinceramente, não vejo problema algum em ser um “evangelista” cervejeiro e difundir a boa cerveja para alguém. Mas também não podemos ser tão radicais assim, a ponto de nos transformar-mos numa espécie de Taliban da cerveja (com todo respeito às religiões), a ponto de acreditar que qualquer cerveja que não for feita na lua cheia por virgens nuas que recitam cantos gregorianos ao contrário não é digna de ser provada.
Podemos dizer coisas negativas em relação às grandes empresas, mas não podemos negar que, por exemplo, Hoegaarden, Paulaner, Original, Guinness (para ficar só nesses 4 exemplos) são cervejas mais do que tomáveis. As macro-cervejarias não precisam do nosso dinheiro ou do nosso apoio. É por isso que acho que devemos apoiar aqueles homebrewers ou as micro-cervejarias que elaboram suas cervejas com paixão e amor.
Na minha “cruzada”, de “evangelização cervejeira”, tenho algumas regras, bem flexíveis até:
- Não acho um idiota (desculpem o termo, não encontrei nenhum outro mais apropriado) aquele que gosta de Brahma, por exemplo. São gostos particulares, e que, por causa disso, não são iguais. E por isso devem ser respeitados. Mas isso não significa que não posso sugerir alguma outra cerveja. Em segundo lugar, na maioria dos casos, essa pessoa foi “vítima” do marketing, ou não tem a oportunidade de experimentar outras coisas. Por isso, já fico satisfeito quando vou a algum supermercado e vejo alguém levar alguma cerveja importada (qualquer uma) no lugar de uma nacional qualquer.
- Leis de pureza ou procedência não garantem a qualidade, e nem o contrário acontece. Uma cerveja é ruim porque foi muito malfeita. Assim como existem cervejas importadas ruins, existem boas cervejas industriais por aqui (vide Serramalte, Bohemia, Original etc.).
- Em último lugar, não existe a cerveja perfeita. Alguns dizem que é a que você toma com amigos, ou aquela que vai bem para o momento (como eu), outros dizem que a melhor cerveja vai ser aquela que ainda se vai beber. Sinceramente, isso tudo é muito bonito, mas não acho que exista “A” cerveja. Não importa o que dizem os experts ou os prêmios que uma cerveja pode ganhar. Mas isso não significa que tenho que deixar de procurá-la.
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E você, o que pensa sobre o “Beerevangelism”? Você costuma indicar cervejas especiais pros seus amigos? Sente-se um “cervochato” por fazê-lo? Comente!
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