A Eisenbahn, cervejaria de Blumenau (SC), é a mais premiada do Brasil no exterior. Quando foi vendida, em 2008, para o Grupo Schincariol — que também adquiriu a Baden Baden e a Devassa –, agitou vozes que diziam que seus rótulos iriam perder a qualidade habitual. Dois anos depois, os céticos se calaram, eis que as brejas do portfólio catarinense continuam deliciosas e conquistando a cada dia mais paladares. E, melhor, a preços justos.
O grande responsável por essa excelência internacionalmente reconhecida é o empresário Juliano Mendes, um dos fundadores da marca, em 2002. Sua história, juntamente com a da Eisenbahn, é contada na excelente reportagem abaixo do jornalista Cristiano Santos, veiculada no último domingo, 03/01, pelo jornal portoalegrense Zero Hora. A foto é de Artur Moser. Boa leitura!
Juliano Borges Mendes sonhava ainda criança com o verde dos gramados dos estádios de futebol. Mas na escolinha para formação de futuros craques sentia que suas pernas não o levariam longe – não naquela profissão. Essas mesmas pernas o ajudaram a percorrer vários países em busca de um sonho. Foi o amarelo da cerveja que o transformou em um brasileiro de sucesso. Daqueles que se tornam cases de escolas de marketing, palestrante em universidades e geram admiração no país inteiro.
Ao lado do pai, Jarbas, e do irmão caçula, Bruno, o jovem fundou a Eisenbahn, cervejaria artesanal que, desde o nascimento, em julho de 2002, ostenta o título de a mais premiada do Brasil. Tem no currículo reconhecimento de especialistas dos quatro cantos do globo. Tudo isso chamou a atenção dos grandes.
Após algumas ofertas e noites maldormidas, os Mendes viraram a página no ano passado. Venderam todo o trabalho para a Schincariol em uma negociação de cifras milionárias. Entenderam, naquele momento, o significado da palavra empreendedor.
Para compreender esta rápida biografia é necessário retornar às origens de Juliano. Nascido em 4 de janeiro de 1975, foi criado no alto da Ponta Aguda, bairro com uma vista europeia da cidade da Oktoberfest. Escolheu, sem pretensão alguma, o curso de Administração de Empresas. Nascia o empresário.
– Não queria ser médico nem engenheiro, profissão do meu pai. Mas não precisei de muito tempo para descobrir a paixão pela administração – comenta.
Pouco antes de terminar a faculdade, decidiu por uma especialização no Exterior. Escolheu Harvard, a conceituada universidade americana instalada em Boston, onde estudou administração geral e conheceu Samuel Adams, a cervejaria artesanal mais admirada pelos ianques. O sonho tomava forma:
– A ideia de abrir uma cervejaria era antiga na família – lembra.
Não foi preciso deixar os negócios da família no retorno ao Brasil. Durante quatro anos, Juliano trabalhou na empresa de engenharia do pai. Workaholic e agitado, o trio familiar pensou em um novo negócio. Juntos, apostaram naquele antigo desejo. Foram a campo. Misturando diversão e trabalho, visitaram cervejarias artesanais nos Estados Unidos, na Alemanha e na Bélgica. As receitas surgiram dos gostos pessoais.
– Visitamos mais de cem cervejarias. Nossa pesquisa era “chata”, de bar em bar, provando as melhores cervejas – diverte-se.
Quando chegou ao mercado, a Eisenbahn não demorou para fazer sucesso. Conquistou mercados e hoje está entre as preferidas de gaúchos e catarinenses.
Juliano, um apaixonado pelo marketing e pelos desejos que um produto de consumo geram nas pessoas, mergulhou de cabeça nas estratégias de venda. Apostou na harmonização com comidas variadas e levou a cerveja para pontos específicos em capitais como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Surgiu o marqueteiro.
Torcedor do Flamengo, Juliano é um homem clássico: usa jeans, tênis e camisa. Casado há 10 anos com Cintya Wachholz Mendes, uma loira elegantíssima que já foi doceira, e pai de Catarina, cinco anos, ele se prepara para o aumento familiar. Uma nova herdeira está a caminho. Para relaxar?
– Minha cabeça está sempre a mil. Tenho me aventurado na cozinha. É legal porque, cozinhando, eu esqueço do mundo. Se eu for para o fogão, desligo – revela.
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