A ação da seleção natural sobre a diversidade de cervejas
A vida é o que separa um ser vivo da matéria inanimada. Mas o que torna seres inanimados em seres vivos? A manutenção da vida requer uma sincronia de muitos fenômenos, entre eles a regência do funcionamento do organismo, o metabolismo e a manutenção deste sincronismo, conhecido como homeostase. Como resultado destes eventos, à capacidade de desenvolvimento e reprodução. O ponto é que o ambiente muda a todo instante e, as espécies que anteriormente tinham sucesso adaptativo, muitas vezes são selecionadas por estas próprias modificações. Este mecanismo é o que impulsiona a evolução, que não se vincula necessariamente à melhorias, e sim a capacidade de adaptação de uma espécie às novas exigências. E assim, todas espécies sobreviventes até este instante são genética e fisicamente o resultado de inúmeras adaptações selecionadas ao longo da sua própria história evolutiva.
Tratemos a cerveja como um ser vivo. Assim como qualquer espécie, uma cerveja só se mantém viva se alguns destes fenômenos estão ativos: se o conjunto de reações químicas entre os ingredientes, o metabolismo, a sustente como cerveja independente de seu estilo; e a propriedade que a mantém regulada, estável e reprodutível, a homeostase, para que possa se desenvolver e reproduzir. A reprodução e a manutenção da vida de uma cerveja é uma ação que depende essencialmente da sua habilidade de ser aceita por determinados tipos de consumidores e assim, serem produzidas por cervejarias. O cervejeiro e a cervejaria são entidades que dão manutenção à vida de uma cerveja. Para se manter viva, uma cerveja tem que estar adaptada às necessidades externas, ou então será selecionada à extinção ou a existência.
Na história evolutiva da cerveja, algumas espécies permaneceram vivas, outras morreram e algumas ressurgiram. A seleção natural foi indutora da evolução e da diversidade das cervejas. O fato de evoluírem não implica dizer que melhoraram, mas sim que foram capazes de manterem-?se vivas. O período de vida de uma nova espécie de cerveja depende de sua aceitação e consequentemente de sua reprodução. Se assim não o forem, só estarão presentes em arquivos de referência, assim como nos inúmeros livros sobre a diversidade dos dinossauros. Neste sentido, no que se refere à história da evolução das cervejas, temos a “Pilsen” como a de maior sucesso adaptativo. Este estilo e seus variantes, as light lager no geral, se adaptaram às exigências mercadológicas. Sua capacidade de dispersão foi de tal forma a ponto de se tornarem verdadeiras “pragas” de reprodução incontrolada. Mas isso só foi possível uma vez que o mercado aceitou esta cerveja pois, caso não o tivesse, essas variantes teriam sido extintas. Vindas de uma época
em que a refrigeração mecânica era inexistente, as cervejas lager eram cervejas microbiologicamente mais estáveis -? uma vez que a fermentação em baixas temperaturas reduziam o risco de contaminações por outros microorganismos. Por serem um produto de maior durabilidade, estas cervejas foram a oportunidade de expansão e dispersão das cervejarias. Devido a esse poder de dispersão diferencial, aliado à conquista de consumidores por sua aparência límpida, seus consumidores davam-?na vida. A prova que estas espécies de cerveja tiveram o maior sucesso adaptativo é que até hoje é o estilo mais consumido no mundo. Mas isso não implica dizer que seja o melhor estilo de cerveja e sim, historicamente o estilo que foi selecionado mais rapidamente pelas necessidades ambientais: aumentou suas chances de sobrevivência e, ainda hoje, é o estilo mais vivo de cerveja.
Dessa forma, as cervejas podem ser classificadas como “vivas” e, como descrevera Darwin, estão sujeitas a transformações e seleções. Não fosse assim, jamais teríamos a maravilhosa diversidade de estilos de cerveja, mais ou menos adaptados a certos ambientes, funções e modos de consumo. Embora atualmente estejamos sendo expectadores do ressurgimento das Ales no Brasil, estas cervejas só permanecerão vivas se forem aceitas pelo público.
Aos cervejeiros cabe a manutenção das espécies de cerveja em extinção. Novos mercados são capazes de reviverem espécies extintas, cujo sucesso será medido por sua taxa de reprodução. Compete a todos a conservação do novo consumo, para que o público que não compreende uma cerveja, não seja capaz de extingui-la.
por Gabriela Montandon e Paulo Patrus*
A vida é o que separa um ser vivo da matéria inanimada. Mas o que torna seres inanimados em seres vivos?
A manutenção da vida requer uma sincronia de muitos fenômenos, entre eles a regência do funcionamento do organismo, o metabolismo e a manutenção deste sincronismo, conhecido como homeostase. Como resultado destes eventos, há capacidade de desenvolvimento e reprodução. O ponto é que o ambiente muda a todo instante e, as espécies que anteriormente tinham sucesso adaptativo, muitas vezes são selecionadas por estas próprias modificações. Este mecanismo é o que impulsiona a evolução, que não se vincula necessariamente a melhorias, e sim à capacidade de adaptação de uma espécie às novas exigências. E assim, todas espécies sobreviventes até este instante são genética e fisicamente o resultado de inúmeras adaptações selecionadas ao longo da sua própria história evolutiva.
Estilos marcados pra viver ou morrer
Tratemos a cerveja como um ser vivo. Assim como qualquer espécie, uma cerveja só se mantém viva se alguns destes fenômenos estão ativos: se o conjunto de reações químicas entre os ingredientes, o metabolismo, a sustente como cerveja independente de seu estilo; e a propriedade que a mantém regulada, estável e reprodutível, a homeostase, para que possa se desenvolver e reproduzir.
A reprodução e a manutenção da vida de uma cerveja é uma ação que depende essencialmente da sua habilidade de ser aceita por determinados tipos de consumidores e assim, ser produzida por cervejarias. O cervejeiro e a cervejaria são entidades que dão manutenção à vida de uma cerveja. Para se manter viva, uma cerveja tem que estar adaptada às necessidades externas, ou então será selecionada à extinção ou a existência.
Cervejas vivas, mortas e “ressucitadas”
Na história evolutiva da cerveja, algumas espécies permaneceram vivas, outras morreram e algumas ressurgiram. A seleção natural foi indutora da evolução e da diversidade das cervejas. O fato de evoluírem não implica dizer que melhoraram, mas sim que foram capazes de manterem-se vivas.
O período de vida de uma nova espécie de cerveja depende de sua aceitação e consequentemente de sua reprodução. Se assim não o forem, só estarão presentes em arquivos de referência, assim como nos inúmeros livros sobre a diversidade dos dinossauros.
Neste sentido, no que se refere à história da evolução das cervejas, temos a “Pilsen” como a de maior sucesso adaptativo. Este estilo e seus variantes, as light lager no geral, se adaptaram às exigências mercadológicas. Sua capacidade de dispersão foi de tal forma a ponto de se tornarem verdadeiras “pragas” de reprodução incontrolada. Mas isso só foi possível uma vez que o mercado aceitou esta cerveja pois, caso não o tivesse, essas variantes teriam sido extintas.
Família Lager, um sucesso adaptativo
Vindas de uma época em que a refrigeração mecânica era inexistente, as cervejas lager eram cervejas microbiologicamente mais estáveis, uma vez que a fermentação em baixas temperaturas reduziam o risco de contaminações por outros microorganismos. Por serem um produto de maior durabilidade, estas cervejas foram a oportunidade de expansão e dispersão das cervejarias. Devido a esse poder de dispersão diferencial, aliado à conquista de consumidores por sua aparência límpida, seus consumidores davam-na vida.
A prova que estas espécies de cerveja tiveram o maior sucesso adaptativo é que até hoje é o estilo mais consumido no mundo. Mas isso não implica dizer que seja o melhor estilo de cerveja e sim, historicamente o estilo que foi selecionado mais rapidamente pelas necessidades ambientais: aumentou suas chances de sobrevivência e, ainda hoje, é o estilo mais vivo de cerveja.
Dessa forma, as cervejas podem ser classificadas como “vivas” e, como descrevera Darwin, estão sujeitas a transformações e seleções. Não fosse assim, jamais teríamos a maravilhosa diversidade de estilos de cerveja, mais ou menos adaptada a certos ambientes, funções e modos de consumo. Embora atualmente estejamos sendo espectadores do ressurgimento das Ales no Brasil, estas cervejas só permanecerão vivas se forem aceitas pelo público.
Aos cervejeiros cabe a manutenção das espécies de cerveja em extinção. Novos mercados são capazes de reviverem espécies extintas, cujo sucesso será medido por sua taxa de reprodução. Compete a todos a conservação do novo consumo, para que o público que não compreende uma cerveja, não seja capaz de extingui-la.
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