A microcervejaria De Struise Brouwers, da abençoada região belga de Flandres Oeste, ainda é desconhecida pela maioria dos sites e blogs cervejeiros nacionais. Em contrapartida, na Europa, a Struise vem sendo incensada e considerada talvez a melhor surpresa cervejeira dos últimos anos.
“Struise” vem do inglês sturdy (resistente). O termo define bem os quatro amigos homebrewers Phil, Peter, Carlo e Urbain, que há cerca de 8 anos dedicavam-se à produção de poucos litros para consumo pessoal. O produto era excepcional, mas faltava capital para alavancar um possível negócio. O jeito foi “alugar” um espaço na Brasserie Caulier, uma cervejaria próxima, onde permaneceram fabricando as Struise por três anos.
Em 2006, com o aumento significativo da demanda e da produção, os quatro resistentes tomaram a decisão de alugar espaço numa cervejaria mais ampla. A escolha recaiu na Deca Services, localizada muito próxima da Abadia de St. Sixtus, onde os monges continuam placidamente a produzir a mítica Westvleteren. O mais espantoso é que, mesmo com o repentino sucesso, os quatro amigos ainda exercem as suas próprias profissões, dedicando-se à arte cervejeira apenas em regime part-time.
É difícil encontrar o set de rótulos da Struise mesmo estando na Bélgica. BREJAS já havia degustado e avaliado a extraordinária Pannepot, que hoje ocupa lugar de destaque entre as nossas cervejas “Top 50”. Nesta última viagem em terras de Flandres, deitamos mão na Rosse, belgian pale ale a qual, se não possui a força da primeira, impressiona pela leveza aliada a um paladar levemente seco.
A coloração é alaranjada. O creme bege é bastante consistente e medianamente persistente. De baunilha é o forte e agradável aroma. Na boca, a alta carbonatação é de textura macia e não compromete. No paladar, mais baunilha e um toque de maçãs verdes confere um surpreendente frescor. No acabamento, uma suave sourness e um leve amargor.
A Rosse, que possui uma graduação alcóolica de 5%, merecia um pouco mais de álcool de forma a igualar o corpo ao aroma. Todavia, trata-se de mais uma demonstração da excelência da Struise, uma das brasseries artesanais belgas ainda resistentes nesse mundo cada vez mais assediado pelas megacervejarias.
Minhas notas: 8 (aroma), 4 (aparência), 7 (sabor), 3 (paladar), 17 (geral). Média: 3,9. Veja e entenda o critério de avaliação AQUI.
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