No final de julho, BREJAS noticiou que estava em trâmite mais um projeto de lei que objetivava aumentar ainda mais a carga tributária sobre as cervejas. Ante a gritaria geral dos cervejeiros na internet, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), já de reunião marcada para ouvir o setor, solicitou ao Congresso o arquivamento da propositura.
A reunião aconteceu na última segunda-feira, 15 de agosto, na cidade do Rio de Janeiro, com proprietários de cervejarias artesanais, cervejeiros e demais representante do chamado “negócio cerveja”. Este escriba, embora convidado, não pôde comparecer em virtude de compromissos assumidos anteriormente à marcação da data. O texto adaptado abaixo é de Nicholas Bittencourt, editor do blog cervejeiro Goronah.
O que rolou no bate-papo
A troca de idéias iniciou com o deputado Paulo Pimenta mostrando que havia feito o dever de casa: Ele começou observando o que o mercado nacional de cervejas poderia aprender com o do vinho.
Há alguns anos, em eventos oficiais do governo brasileiro, em território nacional ou em embaixadas no exterior, servia-se apenas vinhos importados. Graças à negociações com o então presidente Lula, em razão do crescimento da produção em território brasileiro, passou-se a priorizar os vinhos nacionais nesses eventos.
Como o derivado da uva é de livre transação no Mercosul, bebidas do Chile e da Argentina chegam ao Brasil em vagões para serem envasadas aqui. Os produtores nacionais se organizaram então no chamado Instituto Brasileiro de Vinhos (Ibravin), que tem como objetivo realizar pesquisas e negociações para o setor.
Além disso, o deputado fez uma crítica às microcervejarias nacionais que acreditam ser as megacervejarias as únicas concorrentes, quando existem as cervejas importadas. Como o brasileiro tende a dar preferência aos produtos do exterior, uma cerveja nacional de igual qualidade e preço em comparação com uma importada seria colocada em segundo lugar.
As próximas ações
Em um plano de desenvolvimento do setor e apresentação das cervejas artesanais brasileiras a órgãos públicos que muitas vezes não tem conhecimento sobre o assunto, será organizado um jantar harmonizado com a presença de jornalistas e lideranças dos partidos, incluindo participação da Receita Federal, INSS, Ministério da Indústria e Comércio, Ministério da Fazenda e o Ministério da Agricultura.
A seguir, ocorrerá uma audiência pública no Congresso Nacional para que as partes interessadas sejam ouvidas. Nesse momento, dois ou três representantes oficiais dos microprodutores de cerveja deverão apresentar os interesses e desejos do mercado. Esse é um ponto importante, pois faz com que as microcervejarias se organizem em uma associação oficial com representatividade junto ao governo.
Por último, de forma a valorizar a cerveja como produto, será criado um projeto de lei que desestimule a propaganda que não fale da cerveja em si mesma — daquele tipo de comercial que fala só sobre churrasco, praia e mulheres de biquini, “esquecendo” o produto.
Micros geram mais empregos e renda
Um dos motivos da receptividade do deputado é a criação de empregos pelas microcervejarias. Enquanto uma megaindústria cria apenas uma vaga de emprego para cada mil litros de cerveja produzida, uma microcervejaria chega a criar duas ou três vezes mais postos de trabalho. Sem falar que as cervejarias artesanais estimulam o comércio local, pois muitas vezes atendem raios de 150 ou 200km ao seu redor.
Ao final, o início da promissora parceria foi fechada com um chopp na Cervejaria Fraga, localizada no bairro de Vargem Grande, a qual, por sua vez, é um exemplo dos desafios encontrados pelos cervejeiros que desejam abrir seu próprio negócio.
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